O cenário político interno do Partido dos Trabalhadores (PT) no Maranhão passou por uma guinada significativa após o recente Processo de Eleição Direta (PED), realizado no início de julho. Com a vitória de Edinho Silva na presidência nacional da legenda, a reeleição de Francimar Melo para o diretório estadual e a eleição de Raimundinha Oliveira para o comando do diretório de São Luís, o partido selou uma unidade estratégica em torno do nome do vice-governador Felipe Camarão como pré-candidato ao governo do Estado nas eleições de 2026.
Antes do pleito partidário, setores expressivos do PT maranhense, como o ex-presidente estadual Augusto Lobato, o ex-dirigente Raimundo Monteiro e o secretário de representação do governo estadual em Brasília, Washington Oliveira, defendiam a manutenção da aliança com o governo Brandão e colocavam em dúvida a viabilidade de uma candidatura própria. Washington chegou a afirmar que a prioridade era “eleger senadores”, e articulações estavam em curso para um grande ato político entre o PT e o PSB.
Com a vitória das alas mais próximas a Felipe Camarão, no entanto, o discurso mudou. A proposta de um palanque petista independente ganhou força e consenso. A mudança foi interpretada como um recado direto à base aliada e à classe política local: o PT pretende disputar o comando do Maranhão com um nome próprio e competitivo, e esse nome é Felipe Camarão.
“É esse partido forte que vai fazer o Felipe governador aqui do Maranhão”, afirmou Edinho Silva ainda antes de ser confirmado no cargo, evidenciando que a convergência em torno do vice-governador já era uma construção em andamento.
O movimento de unificação interna também provocou efeitos externos. O evento político planejado para celebrar a continuidade da aliança com o governo Carlos Brandão, do PSB, foi cancelado. E a defesa pública da candidatura de Orleans Brandão (MDB), secretário estadual e nome ventilado como sucessor do atual governador, perdeu espaço dentro do PT.
Agora, com o apoio de diversas correntes internas e o respaldo da direção nacional, Felipe Camarão se consolida como principal nome do partido para 2026. A aliança com o presidente Lula e o fortalecimento das lideranças locais próximas ao projeto indicam que o PT pretende jogar um papel central nas eleições estaduais — com projeto próprio e sem subordinação aos aliados.
A movimentação reforça também o peso que o Maranhão pode ter no tabuleiro nacional do PT e abre caminho para que Camarão comece a articular mais intensamente com outros setores da esquerda e do campo progressista em busca de apoio para sua pré-candidatura.