Nos últimos meses, uma enxurrada de pesquisas eleitorais vem sendo divulgada por diversos veículos de imprensa no Maranhão. Até aí, tudo bem — o problema é que, em praticamente todas elas, há pelo menos três pontos comuns que chamam atenção e não podem ser ignorados.
O primeiro é a suposta eficácia dessas pesquisas em um ambiente tão volátil como o da política. O cenário político é dinâmico, muda do dia para a noite, e qualquer tentativa de antecipar resultados com muita antecedência tende a ser, no mínimo, arriscada — quando não, manipuladora.
O segundo ponto é a ligação, muitas vezes escancarada, de alguns institutos de pesquisa e veículos de comunicação com grupos políticos ou comerciais. É preciso questionar: a quem interessa determinada narrativa? Quem lucra com a publicação de certos números?
E aqui chegamos ao ponto mais importante: quem contratou a pesquisa? Essa é, sem dúvida, a pergunta-chave. Saber quem pagou pelo levantamento é fundamental para entender os interesses reais por trás da divulgação. Seria apenas para aferir o clima do momento? Ou estaríamos diante de uma tentativa de inflar artificialmente nomes e candidaturas, criando um cenário de vantagem para influenciar opinião pública e articulações de bastidores?
É preciso separar o joio do trigo. Existem pesquisas sérias, feitas com rigor metodológico, e existem outras cujo único objetivo é construir narrativas favoráveis para determinados grupos. Afinal, ninguém paga para divulgar um resultado desfavorável — e isso por si só já revela o viés presente na maioria dessas divulgações.
Cabe aos mais atentos — e especialmente aos mais bem informados — questionar, refletir e, principalmente, compartilhar esse senso crítico com os que ainda não têm acesso a essas informações.
Nenhum instituto trabalha de graça. A maioria sobrevive exclusivamente de contratos em períodos eleitorais. E, como tudo que tem preço, essas análises têm custos — e, no caso do Maranhão, esse custo pode ser mais alto do que muitos conseguem imaginar.
Por Simplício Araújo