Por Simplício Araújo
No Maranhão, política não se faz mais só com discurso, bandeira e santinho. Hoje, política se faz com muito dinheiro — e, na maioria das vezes, dinheiro público.
É muito fácil repetir que “política se faz com políticos”, mas a realidade hoje é outra: muitos estão comprando mandato como quem compra um carro ou uma casa, usando estruturas públicas inteiras para sustentar projetos pessoais, familiares ou de clãs políticos, o estado parece ter voltado ao passado, décadas e décadas.
Chico Leitoa, um dos melhores quadros que já tivemos, resumiu bem quando desabafou após a derrota do seu grupo em Timon, atropelado pela máquina estadual e pelo dinheiro farto. Ele disse:
“Antes a gente usava dinheiro para fazer campanha política, agora usam para comprar a eleição.” E eu concordo totalmente.
A presidente da Assembleia, depois de perder o controle do partido ao qual ela e o governador ainda pertencem, declarou:”Partido se faz é com gente, com político e com voto. E isso nós temos.” Com todo respeito, eu discordo. Hoje, voltamos ao passado e quem tem a maioria da classe política e voto no Maranhão é o Palácio dos Leões — e não é por mérito, é pelo peso do cofre.
Sem dinheiro e sem máquina pública, 95% dos políticos do estado não se elegeriam nem para vereador. Principalmente filhos, esposas, irmãos e parentes de prefeitos e ocupantes de cargos públicos que dependem de estrutura para existir na política.
E vou além: 99% dos políticos maranhenses não teria nem 1% do patrimônio que ostenta se não tivesse passado pelo cofre público. É o dinheiro de todos virando riqueza de poucos.
O Maranhão é um estado riquíssimo em potencial, mas pobre em classe política. No dia em que pelo menos metade dela trabalhar de verdade pelo crescimento e bem-estar da população, nós deixaremos de ser o exemplo nacional de atraso e passaremos a ser um dos melhores estados do Brasil.
Mas, até lá, enquanto o dinheiro falar mais alto que o voto, seguiremos vendo eleição sendo comprada — e o povo, sofrido.