O cenário político no Maranhão foi abalado nesta quarta-feira (6) por uma reviravolta dentro do Partido Socialista Brasileiro (PSB). A Executiva Nacional da legenda oficializou a substituição do governador Carlos Brandão na presidência estadual do partido, nomeando a senadora Ana Paula Lobato para o cargo. A mudança provocou uma reação em cadeia: prefeitos, deputados e outras lideranças governistas anunciaram sua saída da sigla, gerando um processo que está sendo chamado de “implosão do PSB maranhense”.
A troca de comando foi orquestrada com apoio direto do presidente nacional do PSB, João Campos, e tem forte influência de aliados do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino — incluindo a própria senadora Ana Paula e seu marido, o deputado estadual Othelino Neto. O casal, historicamente ligado ao grupo dinista, assume o controle do PSB em um momento de alta tensão entre aliados e o atual governo estadual.
Brandão, que havia sido reeleito presidente da sigla em abril, interpretou a intervenção como um golpe articulado para enfraquecer sua base política. A resposta foi rápida: 24 prefeitos e prefeitas ligados ao Palácio dos Leões anunciaram a desfiliação, acompanhados por deputados estaduais — maioria na Assembleia Legislativa — e pelo deputado federal Duarte Júnior.
Embora o rompimento esteja consolidado nos bastidores, a saída oficial deverá ocorrer durante a chamada “janela partidária”, entre 6 de março e 5 de abril de 2026. Até lá, os aliados de Brandão pretendem permanecer na sigla apenas formalmente, enquanto esvaziam politicamente o PSB no estado.
O golpe interno teria como pano de fundo uma estratégia política mais ampla: fortalecer candidaturas ligadas ao grupo de Flávio Dino para as eleições de 2026. Especula-se que Othelino Neto disputará uma vaga na Câmara Federal e que Fernando Braide, irmão do prefeito de São Luís, Eduardo Braide, também deverá ser lançado ao Congresso com apoio do novo PSB maranhense.
Nos bastidores, há ainda uma articulação para formar uma chapa majoritária encabeçada por Eduardo Braide ao governo estadual, com Othelino como vice e Felipe Camarão concorrendo ao Senado — o que representaria um redesenho radical no mapa político local.
A crise evidencia que, mesmo no Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino mantém forte influência sobre os rumos políticos no Maranhão. Sua aliança com Ana Paula Lobato e Othelino Neto reforça um projeto de poder que parece sobreviver às mudanças institucionais e partidárias.
Quanto ao futuro de Brandão e seu grupo, o destino partidário ainda é incerto. Novas movimentações são aguardadas, e as próximas semanas deverão ser decisivas para o realinhamento das forças no estado. Uma coisa é certa: o PSB, que até então ocupava posição de protagonismo no Maranhão, caminha para se tornar um partido nanico após a debandada em massa.