Em um momento decisivo do cenário político maranhense, o vice-governador Felipe Camarão (PT) declarou de forma enfática que será candidato ao governo do Estado em 2026, ainda que o governador Carlos Brandão (PSB) decida não apoiá-lo. O posicionamento foi feito durante o encontro “Diálogos pelo PT”, realizado na cidade de Pedreiras.
A fala de Camarão marca sua primeira manifestação pública desde que Brandão indicou não pretender transferir o governo a “qualquer um”, declaração dada em abril, em Bacabal. Desde então, o petista intensificou articulações com a cúpula nacional do partido. Ele esteve com os ministros Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais), Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, em busca de respaldo à sua candidatura.
> “Se o governador decidir permanecer no cargo e apoiar outra pessoa, a nossa candidatura permanece de pé, firme e forte”, afirmou Camarão. “Quero ser o candidato do governador, como quero que ele seja meu candidato ao Senado, mas serei candidato com ou sem o apoio dele.”
O vice-governador garantiu que a decisão é respaldada pela direção nacional do Partido dos Trabalhadores, que vê sua candidatura como estratégica para a consolidação do projeto político do presidente Lula no Maranhão. Apesar das tensões com o Palácio dos Leões, Camarão manteve o tom respeitoso ao tratar de Brandão, assegurando que continuará sendo leal, mesmo diante da possibilidade de caminhos políticos distintos.
Camarão também reforçou seu compromisso com a unidade do campo progressista, mas deixou claro que o PT, maior partido da América Latina e da base de apoio do governo federal, não abrirá mão de protagonismo em 2026.
Candidatura sólida, mas sem ilusões
De acordo com a pesquisa Vox divulgada no início da semana, Felipe Camarão aparece com 15% das intenções de voto, ocupando uma posição ainda intermediária no cenário estadual. Internamente, no entanto, há quem veja sua postulação como inevitável, sobretudo caso o PSB de Brandão insista em outro nome.
O cenário considerado ideal pelo núcleo político do presidente Lula é de Camarão no governo e Brandão no Senado, o que garantiria um palanque unificado e fortalecido para 2026. Contudo, as últimas declarações públicas sugerem que essa costura ainda está distante de se concretizar.
Camarão tem até abril do próximo ano para tentar reverter a resistência de Brandão e buscar uma recomposição. Caso contrário, deve seguir em uma candidatura independente, apoiada diretamente pelo comando nacional do PT e alinhada ao projeto lulista para o estado.
A disputa já começa a desenhar os contornos de uma eleição polarizada e marcada por divergências internas entre antigos aliados — o que pode influenciar profundamente os rumos da sucessão no Maranhão.