A gestão municipal de Bom Jardim volta ao centro de uma nova controvérsia envolvendo a destinação de recursos públicos. Enquanto moradores de zonas rurais e alunos da rede municipal seguem aguardando a construção de escolas de alvenaria, a prefeita Cristianne Varão tem direcionado valores expressivos a uma única empresa que, segundo relatos de munícipes, mantém vínculos diretos com sua família.
Documentos consultados apontam que a empresa K K R Oliveira, registrada em nome de Kássia Rodrigues, assinou contratos e aditivos que ultrapassam R$ 6 milhões apenas em 2024. Caso sejam considerados os valores acumulados desde o início do mandato da atual prefeita, os repasses já superariam a marca de R$ 10 milhões.
As contratações envolvem serviços diversos, que vão desde fornecimento de materiais em concreto até locação de maquinários pesados. Entre os contratos mais expressivos estão:
- Contrato nº 010/2024: R$ 1.337.429,23 para materiais em concreto
- 1º Termo Aditivo: R$ 333.412,58 para ampliação do contrato
- Contrato nº 216/2024: R$ 1.013.667,34 para recuperação de estradas vicinais
- Contrato nº 287/2024: R$ 256.700,00 para manutenção de poços artesianos
- Termo Aditivo de outubro/2024: R$ 2.607.430,65 para locação de veículos e máquinas
Os valores, somados a outros aditivos publicados no Diário Oficial, indicam forte concentração de recursos públicos em uma única prestadora de serviços, privilegiada desde 2021.
A proprietária da empresa, Kássia Rodrigues, tem sido vista ao lado de parentes da prefeita em momentos de lazer, inclusive em viagens internacionais. Fotos que circulam nas redes sociais mostram Kássia acompanhada da sobrinha da prefeita, filha de Robson Varão, irmão da gestora.
A proximidade gera desconfiança sobre possíveis favorecimentos políticos dentro das decisões de compra pública. Moradores e lideranças locais questionam o rigor dos processos licitatórios e cobram transparência sobre a execução dos serviços contratados.
O cenário contrasta com a realidade de diversas comunidades que ainda dependem de estruturas improvisadas para o ensino de crianças. Pais e professores relatam que há salas de aulas funcionando em prédios inadequados e sem infraestrutura básica, evidenciando um abismo entre a aplicação dos recursos e as necessidades essenciais da população.
Esta não é a primeira vez que a administração de Bom Jardim enfrenta acusações relacionadas à gestão de contratos. Em anos anteriores, a prefeita já foi mencionada em reportagens que tratam de suposto superfaturamento e terceirizações irregulares.
Setores da sociedade civil e vereadores de oposição solicitam que os órgãos de controle investiguem os contratos e verifiquem se há prejuízo ao erário. Moradores esperam que a prefeitura priorize investimentos na educação e demais áreas essenciais, garantindo que recursos públicos atendam ao interesse coletivo.
A gestão de Cristianne Varão ainda não apresentou esclarecimentos públicos sobre o caso.













