Por Simplício Araújo
Todos os pré-candidatos a senador no Maranhão, até agora, parecem viver num surto coletivo de desespero. Querem se reeleger, ou se eleger, mas não têm um mínimo de protagonismo para serem relevantes a qualquer candidato a governador. É simples: eles precisam muito mais dos candidatos a governador do que o contrário.
Não há um único nome com identidade real com as pautas e problemas do Maranhão. Nenhum deles apareceu para defender as vítimas da tragédia da ponte de Estreito. Nenhum se mexeu para cobrar a prisão dos ladrões que roubaram aposentados maranhenses. Nenhum defendeu causas do povo — apenas as suas próprias, recheadas de emendas e cargos para parentes e aliados.
O motor da maioria da bancada maranhense no Congresso é um só: garantir cargos e abocanhar emendas milionárias. Cada parlamentar tem pelo menos R$ 50 milhões por ano para “destinar” — no fim de um mandato de 4 anos na Câmara, são R$ 200 milhões. No Senado, com 8 anos, o número chega a quase R$ 1 bilhão. E nenhum deles é capaz de explicar, com clareza, para onde esse dinheiro realmente foi.
Agora, no pré-eleitoral, fica cristalino: os senadores do Maranhão não serviram à população, mas sim aos benefícios que o cargo oferece. E suas campanhas dependem diretamente da máquina pública estadual, que virou muleta política para quem não tem o que mostrar.
A mensagem é escancarada: oito anos de mandato não deram a nenhum deles força própria. O protagonismo que não conquistaram é compensado com acordos, subserviência ao Planalto ou ao Palácio dos Leões e emendas dirigidas para prefeitos aliados. É uma política sem importância, para gente sem coragem de encarar o eleitor sem a proteção dos palácios.
Mais de 80% dos maranhenses, segundo as pesquisas, nem sabem em quem votar para o Senado. E eles acham que isso não é problema — porque acreditam que a vontade dos palácios basta para garantir vitória.
O mais trágico? Talvez estejam certos. Mas, se em 2026 o Maranhão eleger novamente senadores escolhidos por gabinetes e não pelo povo, então não adianta reclamar depois. O problema não é deles. É nosso.