A promessa de apoio financeiro feita pelo governador Carlos Brandão (PSB) aos clubes que disputam a Série B do Campeonato Maranhense ainda não saiu do papel. Passado quase um mês do anúncio oficial, realizado em evento amplamente divulgado nas redes do governo, os 11 clubes participantes continuam sem receber o repasse de R$ 50 mil cada — valor que seria destinado ao fortalecimento do futebol de base e à manutenção das equipes durante a competição.
O anúncio foi feito em 15 de setembro, em cerimônia comandada por Brandão e pelo secretário de Esporte e Lazer, Celso Dias, que apresentaram o projeto Escolinha Jovens Atletas como uma iniciativa de incentivo ao esporte e apoio aos times profissionais. O evento teve discurso, fotos, cobertura da imprensa e promessa de repasse via Lei de Incentivo ao Esporte. No entanto, até agora, nada foi pago.
A situação causa revolta entre dirigentes e atletas. Muitos clubes já encerraram sua participação no campeonato sem ver a cor do dinheiro prometido. Outros ainda em disputa — como São Luís, Luminense, ITZ Sport e Lago Verde — afirmam que não têm previsão alguma de quando o recurso será liberado.
Sem o apoio financeiro, as equipes vivem dias difíceis. Clubes tradicionais como Cordino, Expressinho, Americano, Balsas, São José, Tupan e Timon acumulam dívidas com jogadores, fornecedores e funcionários. A verba seria essencial para a compra de materiais esportivos, pagamento de salários e estruturação de categorias de base.
“Estamos jogando por amor, sem estrutura, sem apoio. O governo fez propaganda, mas até agora nada chegou”, desabafou um dirigente que preferiu não se identificar.
Não é a primeira vez que o Governo do Maranhão atrasa repasses ao futebol local. No início do ano, equipes da Série A também enfrentaram atrasos semelhantes — e só receberam após denúncias da imprensa. O episódio reacende críticas de que o governo privilegia a autopromoção em detrimento da execução real de políticas esportivas.
“Vamos investir no futebol de base dos 11 clubes da Série B, fortalecendo os jovens talentos que sonham em crescer dentro do esporte”, disse Brandão na ocasião. Quase 30 dias depois, a promessa segue sem resultado.
Para dirigentes e torcedores, o episódio representa mais um golpe à credibilidade da gestão estadual no setor esportivo. Enquanto o governo busca vender a imagem de incentivo ao esporte, a realidade dos gramados é de descaso e abandono.
O futebol maranhense, sobretudo nas divisões inferiores, sobrevive à custa da paixão e do sacrifício de atletas e dirigentes — e a demora no repasse de recursos prometidos reforça a sensação de que o esporte, no estado, segue fora de campo nas prioridades do Palácio dos Leões.