O Restaurante Universitário (RU) da Universidade Federal do Maranhão atravessa um dos momentos mais delicados dos últimos anos. O contrato com a PJ Refeições, empresa responsável pela preparação das refeições servidas diariamente a milhares de alunos, expira nesta quinta-feira (20), mas a UFMA ainda não definiu qual empresa assumirá o serviço a partir de agora. A indefinição gera apreensão entre estudantes, especialmente diante da queda acentuada na qualidade das refeições nas últimas semanas.
Uma nova licitação foi aberta pela universidade, porém grande parte das empresas concorrentes não conseguiu atender aos critérios do edital, segundo apurou o Blog. Com isso, o processo ficou travado, e a UFMA se vê diante de um cenário crítico: o contrato da PJ termina imediatamente, mas não há, até o momento, uma substituta habilitada para assumir a demanda.
A situação escancara falhas na gestão do processo licitatório e levanta dúvidas sobre como a maior instituição de ensino superior do estado permitirá que um serviço essencial como o RU fique à beira da paralisação.
A crise também trouxe à tona um impasse financeiro envolvendo a PJ Refeições e a administração universitária. A empresa pediu reajuste no valor pago por refeição — dos atuais R$ 14,78 para pouco mais de R$ 20,00 — alegando necessidade de recompor custos e manter o padrão de qualidade.

A UFMA, no entanto, definiu em edital que pagaria cerca de R$ 11,00 por refeição, valor considerado inviável pela empresa. Oficialmente, esse desacordo teria motivado a saída da PJ.
Mas o clima de desconfiança entre alunos e servidores cresceu. Muitos questionam se a ruptura se deu apenas por razões financeiras ou se houve também um desgaste interno dentro da Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (PROAES). O pró-reitor Danilo Lopes, que ao longo dos anos manteve postura firme em defesa da PJ, mesmo diante de sucessivas reclamações, tornou-se alvo de críticas por parte da comunidade acadêmica, que relata falta de transparência e respostas evasivas da gestão.
Nos últimos dias de contrato, estudantes afirmam que a PJ reduziu drasticamente a qualidade e a quantidade da comida servida. As bandejas passaram a chegar com porções menores, menos variedade e sabor inferior ao já questionado padrão da empresa.
A situação atingiu seu ponto mais crítico justamente no último dia de operação: a feijoada servida foi amplamente criticada pela aparência e pelo gosto.
Nos locais onde o RU distribui marmitas — como o ILA da Medicina, o prédio de Enfermagem e o Complexo Fábrica Santa Amélia — as queixas foram ainda mais graves. Um estudante relatou ter recebido “um pedaço de osso e uma rodela de linguiça” como refeição, reforçando a percepção de que a empresa teria relaxado os cuidados na reta final do contrato.
Sem definição da nova empresa responsável, cresce o temor de que o RU enfrente dias de instabilidade, com possibilidade de interrupções, filas ainda maiores, falta de insumos ou soluções improvisadas que podem prejudicar o público mais vulnerável da universidade — justamente aqueles que dependem da assistência estudantil para garantir alimentação diária.
Até agora, a UFMA não apresentou um plano claro para assegurar a continuidade do serviço. A ausência de informações oficiais aprofunda a sensação de desorganização e falta de planejamento.
Diante do cenário, a comunidade acadêmica se pergunta como uma instituição do porte da UFMA permitiu que um serviço tão essencial chegasse a esse grau de fragilidade administrativa.
As críticas recaem novamente sobre a PROAES, acusada de operar de forma pouco transparente e incapaz de responder às demandas básicas da assistência estudantil.
O Blog afirma que continuará acompanhando cada etapa da licitação e cobrando da universidade uma postura mais clara e responsável. Em um momento de silêncio da gestão, o jornalismo independente reforça seu papel de fiscalização e defesa do interesse público.












