A capital maranhense enfrenta uma crise de limpeza urbana que se espalha pelas ruas, praças e até mesmo por áreas turísticas, transformando a cidade em um verdadeiro lixão a céu aberto. Ao mesmo tempo, a Prefeitura de São Luís, sob o comando do prefeito Eduardo Salim Braide (PSD), já autorizou o pagamento de mais de R$ 1,047 bilhão à empresa São Luís Engenharia Ambiental (SLEA) desde 2021 para executar os serviços de coleta e varrição de resíduos sólidos.
Levantamento realizado pelo Observatório da Blogosfera, com base em planilhas do Fundo Municipal de Limpeza Urbana (FMLU) e na execução orçamentária da prefeitura, aponta que os valores pagos à empresa aumentaram de forma significativa ao longo da gestão Braide, mas não resultaram em melhorias perceptíveis no serviço. Pelo contrário: os relatórios internos da própria prefeitura revelam que a SLEA descumpriu metas de frequência da coleta em mais da metade dos bairros da cidade por meses consecutivos. Mesmo assim, os pagamentos foram feitos de maneira integral e regular.
Nas ruas, moradores convivem com lixo acumulado por dias, mau cheiro e riscos à saúde. No Monte Castelo, uma moradora relatou:
“Aqui o lixo fica amontoado às vezes a semana toda. Atrai rato, mosquito, um cheiro insuportável. A gente paga impostos para quê? É um desrespeito.”
Já o comerciante José Ribamar, do Bairro de Fátima, desabafou:
“É impressionante. O caminhão passa correndo, derrama aquele líquido podre e some por dias. A praça que antes era bonita hoje virou um lixão a céu aberto. O dinheiro vai embora e o problema só aumenta.”
Auditores consultados pela reportagem afirmam que há fortes indícios de superfaturamento. Cláusulas contratuais de reajuste acima da inflação, custos operacionais inflados e sucessivas terceirizações que diluem responsabilidades e aumentam margens de lucro em cascata estão entre os pontos mais questionados.
Um auditor público, que preferiu não se identificar, foi categórico:
“A planilha de custos não resiste a uma análise técnica mínima. É urgente uma perícia detalhada para apurar como a prefeitura chegou a valores tão elevados por um serviço claramente ineficiente.”
Desde o início da gestão Braide, os pagamentos à SLEA não pararam de crescer:
- 2021 – R$ 139,2 milhões
- 2022 – R$ 230,7 milhões
- 2023 – R$ 238,9 milhões
- 2024 – R$ 285,4 milhões
- 2025 (até agosto) – R$ 138 milhões
O total ultrapassa a marca de R$ 1 bilhão em quatro anos e meio, sem que a cidade veja a contrapartida em serviços de qualidade.
Enquanto a propaganda institucional da gestão Braide mostra uma São Luís limpa e bem cuidada, nas redes sociais da prefeitura, a população vive uma realidade bem diferente: lixo espalhado, mato crescendo nos canteiros e sensação de abandono generalizada.
A crise escancara uma contradição: gastos públicos recordes em contratos de limpeza urbana e uma cidade mergulhada no lixo. Para especialistas, o caso exige investigação rigorosa dos órgãos de controle e respostas imediatas da administração municipal.
Com informações Observatório da Blogosfera