Por Simplicio Araújo
O Maranhão continua resistindo ao ataque quase generalizado de políticos que transformaram os poderes públicos em negócios privados — familiares ou de grupos — que bloqueiam o crescimento econômico e o desenvolvimento de um estado com enorme potencial: temos posição geográfica estratégica, riquezas naturais e um povo trabalhador que merece mais.
Nem é preciso relembrar os índices vergonhosos que empurram centenas de milhares de maranhenses para outros estados ou os obrigam a aceitar trabalhos exaustivos em canaviais, plantações de batata, construção civil e outros serviços pesados, apenas para manter suas famílias em um estado que oferece, cada vez mais, um dos piores ambientes para se viver e prosperar.
É necessário, sim, denunciar que o Maranhão é campeão na captação de emendas e repasses que não conversam com as reais necessidades da população, mas apenas com os interesses de políticos que usam os recursos públicos como ferramenta de manutenção de poder.
Problemas históricos continuam a humilhar o povo maranhense há décadas, sem qualquer ação efetiva da classe política — principalmente dos prefeitos — para mudar essa realidade. As enchentes do Rio Mearim, por exemplo, seguem sendo exploradas politicamente desde os anos 1960: decretos de emergência são emitidos ano após ano, abrindo brechas para dispensas de licitação, distribuição eleitoreira de cestas básicas, remoções improvisadas e promoção de pré-candidatos às custas do sofrimento do povo. E até hoje, não existe um projeto definitivo para solucionar o problema.
É revoltante ver o custo de portais de entrada de alguns municípios. Obras que jamais custariam R$ 250 mil estão orçadas em R$ 1 milhão, R$ 2 milhões — até R$ 5 milhões em alguns casos — sem nenhum impacto real na vida da população.
Também salta aos olhos a quantidade de parentes de prefeitos, vereadores e secretários ocupando cargos sem qualquer qualificação técnica, apenas para garantir o controle político-familiar da máquina pública. Um desrespeito aberto às instituições de controle, como o Ministério Público e o Poder Judiciário.
Boa parte da iniciativa privada se esconde ou se omite diante desse cenário. Empresários fogem dos prefeitos e deputados, ou são enganados por falsas promessas, achando que terão espaço em um ambiente dominado por interesses escusos — muitas vezes camuflados por “laranjas” e, em alguns casos, operando descaradamente dos dois lados do balcão.
Enquanto isso, a população — principal vítima desse sistema — perde a esperança. O povo tem duas certezas: suas vidas não mudarão pelas mãos da classe política maranhense, e não há para quem reclamar. Não há punição para quem desvia, superfatura ou usa os recursos públicos como ferramenta de enriquecimento pessoal. Resultado? Os políticos ficam cada vez mais ricos enquanto o povo e os municípios afundam na pobreza.
Sem hesitação, afirmo: a corrupção é o maior entrave do Maranhão.
Pessoas sem qualquer contribuição ao estado aparecem com força política graças ao desvio de recursos de contratos de iluminação pública em cidades às escuras; de limpeza pública onde há lixo e mato por todos os lados; de medicamentos em hospitais sem insumos; de merendas escolares precárias; de estradas vicinais abandonadas e ruas esburacadas.
Enquanto isso, empresários e trabalhadores honestos enfrentam dívidas, burocracia, lentidão judicial e um ambiente hostil ao desenvolvimento. A legislação mais atrapalha do que ajuda. E os famosos “pedágios”, propinas disfarçadas em cada canto do serviço público, afastam investidores sérios e humilham a população local.
Enquanto esse modelo continuar no comando da maioria dos municípios e órgãos públicos, o Maranhão seguirá sendo manchete negativa nos noticiários nacionais — um retrato do que há de pior na gestão pública brasileira.
Mas ainda há tempo. O povo maranhense precisa despertar, fiscalizar, denunciar e rejeitar os corruptos em cada eleição, em cada gasto, em cada contrato suspeito. Não podemos mais ser cúmplices silenciosos de quem saqueia nossos sonhos. Só a mobilização popular, consciente e organizada, pode devolver dignidade, honestidade e progresso ao Maranhão.