A Universidade Federal do Maranhão (UFMA) vive um momento de tensão interna com a implantação de uma controversa reforma administrativa que extingue os departamentos acadêmicos e cria subunidades organizadas por cursos. A medida, parte de um projeto de “modernização institucional”, foi aprovada pelos conselhos superiores da universidade — CONSAD e CONSUN — mas rejeitada por centros acadêmicos e departamentos em assembleias locais.
A reestruturação, que já está em fase de implementação, tem gerado forte resistência entre docentes e entidades representativas, como a Apruma – Seção Sindical do ANDES-SN. Para os críticos, a proposta enfraquece a autonomia acadêmica, compromete a qualidade do ensino e centraliza decisões historicamente compartilhadas com os professores.
“A extinção dos departamentos significa a perda de espaços colegiados fundamentais para a vida universitária. É um modelo inspirado em experiências privadas que já demonstraram impactos negativos”, critica Ilse Gomes, presidenta da Apruma. Segundo ela, a iniciativa representa um retrocesso na gestão democrática da universidade e desrespeita a organização interna das áreas de conhecimento.
Nos cursos com estrutura integrada, como Ciências Sociais, as mudanças são vistas como um ataque direto à lógica universitária. “Separar licenciatura de bacharelado desarticula o tripé ensino, pesquisa e extensão. Perde-se a unidade que garante coerência pedagógica e identidade institucional”, alerta Elio Pantoja, professor e chefe do Departamento de Sociologia e Antropologia.
A reestruturação também tem causado impactos concretos na distribuição de docentes. No Departamento de Turismo e Hotelaria, por exemplo, uma votação interna resultou na divisão desigual entre os cursos: oito professores ficaram com o curso de Turismo, enquanto Hotelaria terá 13. “Houve muita insatisfação com o processo. A forma como a decisão foi tomada gerou atritos e levou à convocação de novas assembleias”, relata a professora Mônica de Nazaré, chefe do departamento.
Outra crítica recorrente é à proposta de fragmentação de disciplinas integradas, como Sociologia e Ciência Política. Para os docentes, trata-se de uma “mutilação acadêmica” que compromete a formação dos estudantes. Além disso, professores denunciam falta de critérios claros para a nova alocação de pessoal. “Prestamos concurso para áreas de conhecimento, não para disciplinas isoladas. Essa fragmentação fere princípios básicos da carreira docente”, reforça Ilse Gomes.
Apesar da forte oposição, o processo segue em ritmo acelerado e deve ser concluído entre setembro e outubro. A Apruma afirma que continuará monitorando os desdobramentos da reforma e exigindo transparência e debate amplo com a comunidade acadêmica.
“Estamos diante de uma mudança profunda, imposta de forma autoritária e sem o devido diálogo. É essencial avaliar os impactos antes que se tornem irreversíveis”, conclui Ilse.
Enquanto isso, nas redes sociais e nos corredores da UFMA, cresce a mobilização contra o que muitos consideram um ataque à autonomia universitária — com o apoio de setores da comunidade acadêmica que prometem seguir em luta por um modelo mais democrático e participativo.
Em tempos: Enquanto isso, na UFMA, o cenário é de verdadeiro caos. Bolsas de valores elevados estão sendo distribuídas sem critérios transparentes, com casos evidentes de nepotismo direto e cruzado envolvendo os principais beneficiários. Viagens de estudantes para congressos são omitidas dos sistemas oficiais, atividades culturais ocorrem sem qualquer prestação de contas e instituições parceiras — como os institutos — estão sendo esvaziadas de processos democráticos para servirem ao controle e à gestão financeira de determinados grupos.
Essa é a realidade atual da Universidade Federal do Maranhão.