Um projeto inovador que une conhecimento científico e práticas tradicionais dos povos indígenas foi o destaque da edição deste sábado (5) do programa Maranhão no Campo, transmitido pela TV Assembleia. A iniciativa, denominada “Sistema de Produção de Referência para Mitigação do Clima e da Fome na Terra Indígena Araribóia”, é fruto de uma parceria entre a Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF) e a Embrapa.
Durante a entrevista com o apresentador Mário Porto, o secretário adjunto da SAF, Ricarte Almeida Santos, explicou os objetivos do projeto, que busca promover segurança alimentar e nutricional nas comunidades indígenas da Araribóia, ao mesmo tempo em que colabora com a preservação ambiental.
“É um trabalho que respeita e valoriza os conhecimentos dos povos originários, conectando-os à pesquisa científica para desenvolver soluções reais contra a fome e os efeitos das mudanças climáticas. Estamos construindo uma ponte entre a tradição e a ciência, promovendo políticas públicas que reconhecem os direitos desses povos”, afirmou Ricarte.
Tecnologia, educação e inclusão
Ricarte defendeu ainda o fortalecimento de políticas que incluam escolas técnicas indígenas, universidades próprias e mecanismos de acompanhamento da produção local, com o objetivo de incorporar tecnologia à agricultura praticada nos territórios indígenas.
Segundo ele, o projeto vai além do combate à insegurança alimentar: “Ele também busca garantir o direito dos povos indígenas à sua terra, à preservação ambiental e à participação efetiva nas políticas públicas de produção de alimentos e proteção climática.”
Território estratégico e biodiverso
A Terra Indígena Araribóia, localizada no sudoeste maranhense, abrange cerca de 413 mil hectares e se estende pelos municípios de Arame, Amarante, Grajaú, Buriticupu, Bom Jesus das Selvas e Santa Luzia. De acordo com o Censo do IBGE de 2022, mais de 10 mil indígenas vivem na região, pertencentes aos povos Guajajara, Awá Guajá e Awá Isolados, com cerca de 150 aldeias espalhadas pelo território.
A área é considerada de grande importância ambiental e sociocultural, mas enfrenta constantes ameaças de invasões, grilagem e exploração ilegal de recursos naturais.