Por Simplicio Araújo
No Brasil e nos Estados Unidos, muita gente grita por “liberdade”, mas o que querem mesmo é liberdade para fazer o que bem entendem, mesmo que isso machuque os outros. Foi assim com os vândalos que invadiram o Congresso americano e o brasileiro: gente que acredita que seus desejos estão acima da lei e do bem comum.
Essa ideia não é nova. Aqui no Brasil, muita gente acha que tem mais direito que os outros só porque tem mais dinheiro, mais estudo ou foi “abençoado” de alguma forma. E com isso se acha no direito de passar por cima de quem tem menos. É a velha história de quem é grande sempre pisando nos pequenos.
A verdade é que o Estado brasileiro — o governo, as leis, o sistema — muitas vezes serve mais para proteger os poderosos do que para ajudar quem precisa. O poder é usado para enriquecer quem já tem muito e perseguir quem pensa diferente ou ameaça o sistema. Isso acontece desde sempre, com tendência de piorar a cada dia.
Sérgio Buarque de Holanda, um dos grandes pensadores do Brasil, dizia que nossa “cordialidade” é perigosa. Aqui, essa “gentileza” muitas vezes esconde violência. No dia a dia, a violência está em todo lugar: a polícia mata, os bandidos matam, o trânsito mata. Em 2023, mais de 45 mil brasileiros foram assassinados e quase 35 mil morreram em acidentes de carro. É como se estivéssemos vivendo uma guerra, igual ou pior do que na Ucrânia ou na Faixa de Gaza.
Outra marca de um país civilizado é a educação. Mas aqui, só os filhos da elite têm ensino de qualidade. Milhões de jovens entre 15 e 29 anos nem terminaram o ensino básico. Isso deveria ser tratado como um escândalo, um crime contra o futuro do nosso povo, mas é tratado como se fosse normal, ninguém paga por isso.
E a desigualdade vai além: os mais pobres pagam a conta dos luxos dos mais ricos. O rico que tem placa solar em casa paga menos energia porque o pobre ajuda a cobrir a diferença. O trabalhador comum sustenta aposentadorias privilegiadas, salários altos e benefícios de servidores e políticos. A justiça fiscal é uma piada. E como os governos vivem gastando além do que podem, os programas sociais encolhem e os juros explodem, servindo só ao “andar de cima”.
O ex-ministro Rubens Ricupero uma vez disse que o Brasil sofre de um “fracasso suave”: não tivemos uma guerra, uma catástrofe natural ou uma explosão econômica, mas também nunca conseguimos dar ao povo o bem-estar que existe em outros países. Seguimos empacados.
E o que assusta agora é ver os Estados Unidos — o país que antes era exemplo de democracia e estabilidade — imitando o pior do Brasil. Lá, famílias ricas, empresários e oligarquias políticas estão tomando o poder para defender seus próprios negócios, perseguem quem pensa diferente, desmontam instituições, atrapalham a educação e se isolam do mundo. Estão virando um “Brasilzão” — no mau sentido.
| Guará News Maranhão https://guaranewsma.com/no-brasil-o-mais-forte-manda-o-mais-fraco-apanha-e-agora-os-eua-querem-copiar/