A Universidade Federal do Maranhão (UFMA), instituição com tradição na formação artística e cultural do estado, enfrenta uma crise interna que tem gerado apreensão entre alunos, professores e artistas locais. A chamada “modernização” implementada pela Administração Superior da UFMA vem causando impactos diretos na estrutura de diversos cursos, e um dos mais afetados é o curso de Música.
Com a recente extinção dos departamentos acadêmicos, o curso — que já funcionava com estrutura mínima — corre o risco de perder ainda mais suporte institucional, colocando em xeque sua continuidade e a qualidade da formação oferecida.
A situação tem gerado revolta na comunidade universitária e fora dela. Para muitos, o desmonte do curso de Música representa não apenas negligência com a educação artística, mas um verdadeiro atentado à cultura maranhense, historicamente marcada por uma produção musical rica, diversa e reconhecida nacionalmente.
“É mais do que a perda de um curso. Estamos falando de comprometer a continuidade de uma tradição que forma músicos, professores e agentes culturais que atuam em todo o Maranhão”, afirma uma professora que prefere não se identificar por temer represálias.
Estudantes também se mobilizam para denunciar o que consideram um retrocesso. “Não é modernização, é desmonte. Sem estrutura, sem professores suficientes e com perda de autonomia acadêmica, o curso está sendo asfixiado”, diz um aluno do curso, que participou recentemente de uma assembleia para discutir ações de resistência.
A situação do curso de Música da UFMA ganha ainda mais relevância por ocorrer em um estado onde a música é um dos pilares da identidade cultural — do bumba meu boi ao tambor de crioula, do reggae às manifestações populares.
Artistas e movimentos culturais começam a se posicionar publicamente. “A UFMA sempre teve papel importante na formação dos nossos músicos. Fechar as portas para isso é um golpe contra a cultura do Maranhão”, declara um integrante do Fórum de Cultura Popular.
Diante do cenário, cresce o clamor por transparência nas decisões da reitoria e por diálogo com a comunidade acadêmica. Entidades estudantis e sindicais planejam manifestações e campanhas nas redes sociais exigindo respeito ao curso e à cultura local.
O futuro do curso de Música da UFMA ainda é incerto, mas uma coisa já é clara: sua possível desestruturação não será vista como uma simples reforma administrativa, e sim como um ataque direto à memória, à arte e à identidade do povo maranhense.
Em tempos: Enquanto a UFMA enfrenta um processo de enfraquecimento institucional, observa-se um padrão preocupante: as intervenções em mandatos das fundações têm comprometido sua autonomia. Apesar disso, há resistência. Há casos de interventores que respondem a processos na Justiça e, por isso, não podem sequer assinar documentos oficiais. Outros acumulam um número expressivo de bolsas milionárias e ainda se beneficiam de práticas de nepotismo.
Nos bastidores, comenta-se que a crise pode estar prestes a explodir internamente, com potencial para desestabilizar a gestão do reitor Fernando Carvalho. Grupos dentro da própria universidade já se articulam visando as próximas eleições para reitor. Mas essa… é uma outra história.
Em tempos 2: A UFMA tem sido constantemente permeada por indícios de improbidade administrativa, atingindo diversas pró-reitorias. A APRUMA dispõe de elementos suficientes para contestar e neutralizar as ações do reitor, especialmente diante da clara ilegalidade na participação de conselheiros que votaram pelas mudanças. No entanto, a entidade não tomou providências. Essa omissão levanta suspeitas de possível conivência ou alinhamento nos bastidores.