Um levantamento revelou que o Instituto Bem Viver firmou contratos com 23 prefeituras maranhenses, movimentando mais de R$ 247 milhões dos cofres públicos entre 2020 e 2025. O que inicialmente surgiu como uma alternativa para suprir a demanda por médicos especialistas, acabou se transformando em uma ampla terceirização de mão de obra para diversos setores da administração municipal.
Segundo a investigação, o instituto passou a funcionar como uma “solução prática” para gestores municipais, oferecendo desde profissionais da saúde até trabalhadores de áreas administrativas, em contratos que, na prática, configuram uma espécie de cabide de empregos.
O estudo mostra que o poder de influência e a movimentação financeira do Instituto Bem Viver atingiram picos entre 2023 e 2024, justamente no período pré-eleitoral e eleitoral. Em algumas cidades, os repasses chegaram a quadruplicar em relação aos anos anteriores, um comportamento considerado fora do padrão e que reforça as suspeitas de uso da máquina pública para fins eleitorais.
Há indícios de que a estrutura do instituto teria sido utilizada para a contratação em massa de pessoal, transformando cargos e salários em moeda de troca política, com o objetivo de garantir apoio e ampliar a rede de influência local.
De acordo com dados consolidados pelo Observatório, a soma total dos repasses das 23 prefeituras ao Instituto Bem Viver chegou a R$ 247.382.978,02 (duzentos e quarenta e sete milhões, trezentos e oitenta e dois mil, novecentos e setenta e oito reais e dois centavos).
A investigação segue em andamento e deve atrair a atenção de órgãos de controle, já que a prática pode caracterizar desvio de finalidade na aplicação dos recursos públicos e burla à legislação fiscal.