No coração do câmpus Bacanga, em São Luís do Maranhão, alunos da UFMA enfrentam, há mais de duas semanas, uma vergonhosa situação de descuido e desrespeito básico: os seis bebedouros instalados no restaurante universitário (RU) estão praticamente fora de serviço — um interditado, quatro completamente sem funcionar, e apenas um funcionando, mas com água quente e, portanto, imprópria para uso em pleno meio-dia sob o sol maranhense.
É sabido que São Luís está situada a aproximadamente 2.240 km ao norte da Linha do Equador — ou, em graus, algo como 2° N (dois graus ao norte da Linha do Equador) — local onde o calor já é intenso e, com o agravamento do aquecimento global, tende a piorar. Para estudantes que frequentam o RU no almoço e no jantar, enfrentar filas, correria, calor e, agora, escassez de água potável é um insulto às suas necessidades mais básicas.
Em um ambiente universitário que prega ensino, pesquisa e extensão, a reunião de milhares de usuários por refeição – se estima que mais de 5 000 pessoas por dia circulam entre a área de vivência e o RU – exige estrutura mínima de funcionamento. E a falha não está no “detalhe”, está no cerne da responsabilidade institucional.
Onde está a água?
– Seis bebedouros instalados no RU:
1 interditado;
4 sem funcionar;
1 funciona, mas entrega água quente (inadequada para o uso).
– Na área de vivência, outro bebedouro que não funciona há mais de um ano — enquanto esse espaço também abriga milhares de estudantes diariamente.
– Resultado: em pleno câmpus universitário, com recursos da União, estudantes ficam sem direito ao consumo de água digna nas refeições.
A culpa bate à porta da reitoria
Não se trata apenas de falha técnica ou descuido operacional: trata-se de falha de gestão superior. Quem assume as rédeas da UFMA e promete “inovação, ensino, pesquisa e extensão” também assume a obrigação de garantir o básico: água, segurança, estrutura mínima.
Fernando Carvalho, reitor da UFMA, fala em avanços, agenda de inovação na instituição, e expectativas de excelência. No entanto, o que se revela é um campus que, no mínimo, não é capaz de oferecer água potável em um restaurante universitário. A contradição entre discurso e realidade é escancarada – e elecarrega a responsabilidade maior.
Mais diretamente envolvido com a assistência estudantil está Danilo Lopes, pró-reitor da Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (PROAES). Ele se gaba frequentemente nas redes da universidade sobre “ações para os estudantes”, “iniciativas”, “acolhimento”. E então por que ficou mais de uma semana com bebedouros inoperantes enquanto os estudantes reclamavam? Por que só depois de uma denúncia estudantil — no segundo dia de jantar — é que uma técnica em nutrição abriu uma ordem de serviço de manutenção? A resposta é desconfortável: talvez porque só quando houve pressão visível se moveu o básico.
Vale lembrar que esta situação não é pontual. Em fevereiro de 2025, estudantes denunciaram presença de larvas em feijoada no RU da UFMA, além de pombos dentro do restaurante e bebedouros com água “lodosa” — situações de higiene e estrutura que se prolongavam no tempo.
Naquela ocasião, a UFMA emitiu nota dizendo que “realiza manutenção periódica nos poços artesianos e reservatórios” e que havia instalado novos dosadores de cloro. Agora, entretanto, vemos que mais de uma semana de bebedouros sem água potável surge como nova face dessa mesma falência — “problemas estruturais … problemas de muito tempo que nunca foram resolvidos”, segundo estudantes.
Por que esses bebedouros não foram identificados antes? Por que não se tornou prioridade a manutenção desses equipamentos justamente porque impactam todos os estudantes no calor intenso do Maranhão? Porque enquanto houver subsídios, verbas federais, discursos bonitos e selfies nas redes, a verdadeira escuta dos estudantes parece ausente.
Os estudantes da UFMA não estão pedindo luxo. Estão pedindo direito à água em pleno restaurante universitário em São Luís, no Maranhão. Estão pedindo que a gestão da UFMA faça o que se espera de uma universidade pública: garantir as condições básicas de funcionamento antes de anunciar “inovações”. Que o pró-reitor de assistência estudantil mostre que é mais do que marketing nas redes. Que o reitor assuma que a universidade não se sustenta em slogans se falha no simples.
Portanto, fica claro o recado:
Danilo Lopes deve parar de se vangloriar nas redes e mostrar ação concreta, imediata, visível — a manutenção dos bebedouros, a verificação da qualidade da água, a garantia de funcionamento da estrutura.
Fernando Carvalho deve reconhecer que a gestão superior da UFMA está em crise se os estudantes não têm água durante a refeição, e que falar em “inovação” é inútil sem infraestrutura básica.
A comunidade acadêmica, o corpo discente, deve cobrar transparência: prazos para reparos, relatórios públicos, responsabilização administrativa.
E a UFMA deve tratar o RU e a área de vivência como política de assistência estudantil central, e não como detalhe ou despesa menor.
Quando um reitor fala em inovação, e um pró-reitor diariamente publica em redes sociais “nós estamos com os alunos”, mas os alunos não têm água para beber no almoço ou no jantar, algo está profundamente errado. A gestão está falida no essencial. A responsabilidade é administrativa e política. Não se pode mais tratar como “problema técnico” ou “falha momentânea”: é falência sistemática de uma universidade que se orgulha de seus rankings, de suas pesquisas, de sua missão social — mas falha ao garantir a dignidade dos estudantes.
No câmpus da Bacanga, no calor escaldante de São Luís, com a Linha do Equador como símbolo da própria razão de ser de sofrer com calor, a água deveria estar garantida — e não está. A culpa é da reitoria, é da pró-reitoria, é da estrutura que se fechou em discurso enquanto a realidade se escancarava. Aos estudantes, cabe lutar — e cabe cobrar — para que essa universidade realmente assuma que ‘assistência estudantil’ não é hashtag de rede social, mas serviço, prioridade, obrigação.
E então: onde está a água da UFMA?
Em tempos: A Universidade está cada vez mais caótica! O responsável pela compra dos bebedouros é, sem dúvida, o mais desqualificado e inexperiente de todos os pró-reitores: Marcos Moura. A aquisição dos bebedouros é feita pela PPGT, pela Pró-Reitoria — portanto, a responsabilidade recai diretamente sobre ele.
Ou seja, esse e vários outros casos de infraestrutura falida na UFMA estão sob a responsabilidade desse rapaz.
Em tempos 2: A situação dos bebedouros não é um caso isolado, mas parte de um quadro contínuo de descaso administrativo. O blog já está de posse de um relatório sobre como um técnico da Pró-Reitoria se tornou professor de forma repentina — algo, no mínimo, “escatológico”. O documento inclui o depoimento de um candidato da UEMA, mas isso já é assunto para outra matéria.













