A Operação Lei do Retorno, da Polícia Federal, voltou a colocar sob pressão nomes de destaque da política maranhense. Mensagens interceptadas pelos investigadores apontam indícios de envolvimento do secretário estadual de Agricultura, Fábio Gentil, e da deputada estadual Daniela em um esquema de propinas e contratos fraudulentos que teria desviado cerca de R$ 50 milhões de recursos públicos da Educação, sobretudo do Fundeb.
A operação teve início em janeiro de 2022, após a apreensão de R$ 575 mil em espécie com dois intermediários. O dinheiro foi encontrado dentro de um carro registrado em nome da mãe da parlamentar, que alegou, à época, que o veículo já não pertencia mais à família.
De acordo com diálogos analisados pela PF, percentuais de propina eram ajustados conforme o tipo de contrato firmado por prefeituras, variando entre 25% e 35% do valor. Em Presidente Dutra, por exemplo, mensagens sugerem que o “acordo ficou em 35%”. Já em Buriti Bravo, a propina teria sido dividida entre setores específicos, como livros, laboratórios e projetos escolares.
O Ministério Público Federal avalia que os crimes investigados – corrupção, peculato, fraudes em licitação, lavagem de dinheiro e organização criminosa – podem resultar em condenações que somadas chegam a 52 anos de prisão.
A assessoria de Fábio Gentil afirmou, em nota, que o secretário “vem colaborando integralmente” com as autoridades e mantém “confiança no trabalho sério da Polícia Federal”, negando qualquer irregularidade.
Já a deputada Daniela repudiou o que chamou de “ilações absurdas”, reforçando que “a ausência de provas confirma que não há indício de irregularidade em minha conduta”.
O avanço da investigação aumenta a tensão no cenário político estadual, já marcado por disputas eleitorais acirradas. O caso reacende o debate sobre o uso de recursos da Educação em esquemas de corrupção e pode ter reflexos tanto no governo estadual quanto na Assembleia Legislativa do Maranhão.