O comissário-geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), Philippe Lazzarini, descreveu a chegada de ajuda humanitária à Faixa de Gaza como "migalhas". Em coletiva nesta 6ª feira (27.out), o diplomata pediu que o número de envios aumente, uma vez que cada vez mais pessoas estão sofrendo com os bombardeios israelenses e com o desabastecimento de itens básicos.
"Esses poucos caminhões nada mais são do que migalhas que não farão diferença para os 2 milhões de pessoas na rua. Devemos evitar transmitir a mensagem de que alguns camiões por dia significam que o cerco é levantado para a ajuda humanitária. Isso não é verdade. O que é necessário é um fluxo de ajuda significativo e ininterrupto. E, para ter sucesso, precisamos de um cessar-fogo humanitário", disse Lazzarini.
A abertura da passagem entre a cidade de Rafah, no sul de Gaza, e o Egito foi acordada na última semana. Desde então, cerca de 10 a 20 caminhões vêm atravessando a fronteira para fornecer ajuda humanitária aos palestinos, número considerado insignificante por Lazzarini. Segundo ele, os serviços básicos estão "desmoronando" e a medicina está quase no limite. Os ataques também estão fazendo com que os esgotos transbordem nas ruas.
"Gaza está à beira de um enorme perigo para a saúde, pois o risco de doenças está se aproximando", alertou Lazzarini.
O diplomata também comentou sobre o impasse do exército israelense em deixar que os caminhões levem combustível à Gaza. Ele frisou que a maioria dos hospitais estão dependendo de geradores, assim como outros serviços básicos na região. O cenário também afetou as equipes da UNRWA, que, de acordo com Lazzarini, tiveram que "tomar decisões difíceis que nenhum trabalhador humanitário deveria fazer".
A crise humanitária na Faixa de Gaza vem se intensificando rapidamente. Até o momento, o Ministério da Saúde palestino calcula que 7.028 morreram na região, incluindo 2 mil crianças. Mais de 12 mil civis também ficaram feridos em meio aos bombardeios israelenses, o que está sobrecarregando as unidades de saúde, que já encontram-se quase sem insumos e energia elétrica. O cenário pode se agravar ainda mais com o início da ofensiva terrestre de Israel.
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