Pode ser uma vantagem momentânea, mas depois de dias sob ataque nas redes sociais, a partir do crescimento do fluxo digital de oposição, o presidente Jair Bolsonaro vive uma nova realidade nas últimas horas.
O “remédio de Bolsonaro”, como seus apoiadores na Internet trabalham para propagar, permitiu ao presidente recuperar parte do controle sob narrativa na guerra contra a oposição. Mesmo contra a opinião de especialistas e cientistas de diversas partes do planeta, ele está colhendo resultado da sua defesa da hidroxicloroquina e da cloroquina.
A rede de apoio ao presidente passou o dia disseminando no Twitter as hashtags: #bolsonarotemrazão, #remediodobolsonaro, #doriamentiroso, #bolsonarotemrazaosim, #bolsonarotemrazao e #bolsonaroestavacerto na tentativa de reforçar a posição do Palácio do Planalto. Até às 21h eram 249 mil menções associando a cloroquina a um desses termos.
Às 20h30, as palavras-chave hidroxicloroquina e cloroquina já tinham sido utilizadas 500 mil vezes no Twitter no Brasil, o equivalente a 66,5% do total de tweets publicados nos últimos sete dias sobre o “remédio de Bolsonaro.”
Como termo de comparação, os brasileiros produziram no mesmo intervalo 517 mil tweets sobre coronavírus.
No campo dos artigos da mídia profissional e alternativa, entre 40 mil textos publicados no Brasil nas últimas 12 horas, o primeiro e o segundo em número de interações no Facebook (238.300 e 137.200, respectivamente) eram positivos para Bolsonaro e citavam as hashtags em sites da rede bolsonarista.
A necessidade por informação sobre o remédio explodiu nos últimos dias e ganhou escala quase exponencial nas últimas 48 horas quando Bolsonaro decidiu confrontar os médicos David Uip e Roberto Kalil, que utilizaram o produto na sua recuperação. Bolsonaro citou o segundo em seu pronunciamento como exemplo de médico e Uip passou o dia sob ataque dos bolsonaristas.
As buscas para cloroquina no Google Brasil registraram uma expressiva alta. Na segunda-feira, dia 06, o nível de interesse na escala de 0 a 10 do serviço estava em 22 e hoje às 18h alcançou 100.
Entre os locais mais interessados em consultar informações do produto estão aqueles mais afetados pela pandemia: Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro.
Nesse cenário, os bolsonaristas iniciaram uma rápida ação para criar a percepção que o presidente estava certo desde o primeiro momento que defendeu a cloroquina no combate à covid-19.
BRASIL E EUA
O debate sobre o remédio não se faz presente de maneira uniforme na opinião pública digital do mundo. Brasil e Estados Unidos lideram essa discussão.
Há movimentos na Europa e Ásia, mas nada na dimensão dos países sob a administração de Donald Trump e Bolsonaro.
Nos EUA, hoje os americanos publicaram 116 mil posts no Twitter contra 50 mil na Índia com alguma referência ao tema, mas é no Brasil que o assunto está sob controle da rede de aliados do presidente Bolsonaro.
Fonte: Poder 360
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