sexta-feira, 6 de março de 2020

SEGUNDO INVESTIGAÇÕES DA PF, ASSESSOR DE DUARTE JÚNIOR ESTÁ POR TRÁS DE ATAQUES VIRTUAIS


Dados fornecidos pelo Facebook nas investigações, comprovam que um perfil no Instagram foi usado para publicações com achincalhes e desinformações contra o deputado Wellington do Curso

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Dados fornecidos pelo Facebook em um inquérito da Polícia Federal que tramita sob sigilo, revelam a ligação entre um assessor do gabinete do deputado Duarte Júnior (Republicanos) e um perfil no Instagram criado e usado exclusivamente, para atacar o também deputado estadual Wellington do Curso (PSDB), um dos principais oposicionistas ao governo de Flávio Dino (PCdoB).

Chamado Wellington Discurso, o perfil foi tirado do ar pouco antes do final das eleições 2018, por determinação do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Maranhão, a pedido do tucano. Apesar do perfil haver sido tirado do ar, com base nos dados enviados à Justiça Eleitoral pela empresa mantenedora do Instagram, a investigação na PF avançou, e chegou ao e-mail utilizado para registrar a conta, além de um número de celular da Claro e IPs dos computadores utilizados, bem como endereços destes, para as publicações com achincalhes e desinformações contra Wellington.

O documento enviado pelo Facebook, obtido com exclusividade pelo  blog ATUAL7, mostra que a conta foi registrada pelo e-mail barbarella@vivacriacoes.com.br, da Viva Criações Inteligentes, empresa especializada em marketing digital, pertencente à Christianne Pereira Portelada, esposa de Thiago Rios de Souza, que toma de conta do negócio. Ele é lotado no gabinete de Duarte Júnior como técnico parlamentar especial, com salário bruto de R$ 17 mil — segundo dados do Portal da Transparência da Assembleia Legislativa do Maranhão referente a novembro de 2019. Do exercício de 2020, até o momento, não há qualquer atualização.

Entre os diversos ataques a Wellington do Curso, memes dizem que o deputado “só fala merda” e que o “negócio [dele] é reclamar”. Há uma montagem do que seria o parlamentar sentado em uma privada, com a chamada “despachando a próxima proposição”. Na própria bio, trecho onde se descreve o perfil, foi colocado: “um cara Safadinho que só sabe reclamar de tudo”, com um emoji de palhaço.

Na última terça (03), o tucano esteve na sede da PF em São Luís, onde prestou depoimento sobre o caso. Segundo divulgado por sua assessoria, espera o resultado concreto das investigações, a fim de encontrar quem patrocinou o perfil. “Trabalhamos diariamente para termos o respeito dos maranhenses, mas criaram fakes tentando manchar a nossa imagem, divulgando mentiras e tentando diminuir nossa atuação como deputado estadual. É lamentável que usem dinheiro público com um fim tão medíocre, que é o de difamar as pessoas”, disse.

Recentemente, prints e áudios atribuídos ao deputado Duarte Júnior, compartilhados em grupos de WhatsApp, apontam para o possível poder do parlamentar sobre supostas milícia virtual e rede de fakes, também durante as eleições de 2018. Segundo as mensagens, publicações que desagradassem Duarte Júnior, então pré-candidato a deputado estadual pelo PCdoB, deveriam ser rebatidas pelos participantes dos supostos grupos de Telegram, todos com servidores do Procon (Instituto de Promoção e Defesa do Cidadão e Consumidor) do Maranhão entre os participantes.

Em um desses áudios atribuídos a Duarte Júnior, há uma mensagem de assédio moral em que o nome Thiago é citado, numa reclamação de um trabalho que teria desagrado o ex-presidente do Procon. “Eu mandei faz mil anos tirar a porra da cena que eu tô na unidade [do Procon], cumprimentando servidor. Agora tu, Thiago, fica leso aí e não presta atenção no que eu falo. Eu ia postar essa bosta agora. Altera essa cocota aí cacete. Por favor. Porra!”, teria dito.

Sobre as mensagens, que sugerem também homofobia e gordofobia, Duarte Júnior publicou nota nas redes sociais negando a veracidade de conteúdos.

Antes do cargo no gabinete do deputado do Republicanos, Thiago Rios trabalhou no Procon, durante a gestão de Duarte Júnior, no cargo de encarregado do Serviço de Suporte em Tecnologia da Informação, entre 2015 e 2017, com salário bruto de R$ 6,9 mil; e assessor técnico, em 2018, com salário de R$ 5,9 mil.

A própria esposa dele, Christianne Portelada, também tinha cargo na autarquia à época em que o hoje deputado estadual quem a comandava, permanecendo até a gestão de Karen Barros, noiva de Duarte Júnior. Primeiro ocupou o cargo de assessor sênio, em 2017, com salário bruto de R$ 6,8 mil. Em 2018, passou a ser chefe da Assessoria de Comunicação, recebendo em junho daquele ano o salário bruto de R$ 22,9 mil, depois reduzido para R$ 7,6 mil. Em 2019, com o Procon sob Karen Barros, passou a ser diretora de Orientação ao Cidadão dos Vivas, ainda com o salário bruto de R$ 7,6 mil. Desde o mês passado, foi lotada na Secap (Secretaria de Estado da Comunicação e Assuntos Políticos), no cargo de assessor sênior, com salário bruto de R$ 6,3 mil.

Procurado, Thiago Rios garantiu que, embora seja ele quem cuida da Viva Criações e responsável pela criação de e-mails na empresa, não criou a conta utilizada no perfil Wellington Discurso. Também que não tinha conhecimento da conta e que trabalha com mídias sociais, mas nada neste sentido.

Questionado pelo ATUAL7 sobre a ligação entre seu assessor e o perfil usado para atacar o parlamentar do PSDB, Duarte Júnior se disse surpreso, e que sequer tinha conhecimento a respeito do perfil no Instagram. “Eu admiro muito o Wellington, como um grande deputado. Atuo no mesmo seguimento que ele, de direitos humanos, em defesa da população e dos animais. Jamais faria ou compactuaria com uma coisa dessas, pode ter certeza!”, declarou.

A reportagem não conseguiu contato com Christianne Portelada.

Atual7

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