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Neste 7 de setembro, o Brasil comemora 197 anos do famoso Grito do Ipiranga. No entanto, como geralmente ocorre com datas comemorativas, convencionou-se este dia para celebrar o momento em que o Brasil deixa de ser uma colônia de Portugal e passa a ser um país que dirigirá seu próprio destino. Na historiografia, há a imagem de que datas são como pontas de iceberg, que servem principalmente para indicarem um corpo submerso. Neste caso, podemos entender o referido episódio como esta ponta que revela todo um processo entre a chegada da Família Real ao Brasil em 1808 e a coroação de D. Pedro II em 1841.
No entanto, movimentos emancipacionistas já se instalavam na Colônia, antes mesmo de 1808. Basta olharmos para a Inconfidência Mineira (1789) e a Conjuração Baiana (1798). Além do que, a Revolução Francesa, Independência dos Estados Unidos e das Colônias na América Espanhola, criavam todo um contexto que fomentava ainda mais as aspirações de uma elite local que deseja se emancipar da antiga Metrópole.
Toda essa situação se torna ainda mais crônica com a chegada da Família Real ao Brasil. A Colônia passa a ter status de Sede do Governo Imperial, o Brasil passa integrar o Reino Unido de Portugal e Algarves e toda uma estrutura administrativa e política é construída para atender o governo de D. João VI. Contudo, tais medidas privilegiam os portugueses e ao mesmo tempo desagradam as lideranças locais, que passaram a se sentir preteridas.
Com o retorno de D. João VI à Portugal, as relações entre Lisboa e Brasil tornam-se cada vez mais difíceis. As lideranças locais se aproximam de D. Pedro I, e este, instado por elas, e resistindo a pressão de Portugal para retornar à Europa, protagoniza o famoso ato que ficaria imortalizado no quadro de Pedro Américo.
Contudo, a construção de uma nova nação ainda estava em seu início e seria este um processo que enfrentaria muita luta interna e externa. Os modelos que serviriam de base para este novo projeto político lutariam entre si até que o próprio Brasil visse a si mesmo como uma nação independente. Aliás, processo este que ainda hoje está em pleno andamento e que disputam almas e consciências de cada brasileiro.
Por: SÉRGIO RIBEIRO SANTOS *
* Graduado em Teologia, Mestre e Doutor em História. É coordenador dos Cursos de Licenciatura em História e Geografia (EaD da Universidade Presbiteriana Mackenzie).
Fonte: Jornal do Brasil
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