A sucessão da reitora Nair Portela na UFMA começa a extrapolar os muros da universidade e chamar a atenção por um contorno que tem incomodado muita gente na academia. Os ataques pessoais que adversários do pré-candidato favorito, Natalino Salgado, têm patrocinado em redes sociais, grupos de whatsapp e blogs contra o ex-reitor.
Não parece razoável supor que a reitora, hoje rompida com o principal artífice de sua ascensão ao cargo, seja conivente com esses ataques. Entre os seus aliados mais próximos há quem veja com reprovação os movimentos do pretenso candidato escolhido para representar o grupo ora no poder. Muitos até questionam se Nair teria feito a opção adequada ao indicar o nome do professor João de Deus Silva para concorrer na consulta prévia que apontará a preferência da comunidade universitária.
Os primeiros sinais dão conta que a decisão se configurou um equívoco. A comissão coordenadora sequer definiu o calendário eleitoral da consulta e as digitais do pró-reitor revelam até aqui uma prática nada republicana. Incompatível com princípios que devem nortear a disputa pelo cargo máximo da instituição. E uma postura não equivalente ao perfil de quem presume ser o “novo” na cena acadêmica.
A campanha para reitor sempre se pautou por uma disputa de alto nível. É travada em um ambiente que privilegia o debate de ideias e propostas. O que interessa aos docentes, discentes e técnico-administrativos é saber qual o melhor projeto para o desenvolvimento da universidade. As alternativas para o fortalecimento do ensino, um programa que promova apoio à pesquisa, à extensão, ao empreendedorismo. O que os candidatos pensam sobre políticas de assistência estudantil, de inclusão social, de interiorização.
Tem sido assim ao longo dos tempos. Todos os pretendentes à cadeira de reitor da UFMA mantêm o embate e a discussão no campo elevado. Nomes como os dos professores Raimundo Palhano, Antonio Rafael, Ozanira Silva, Antonio José Oliveira, Francisco Gonçalves, Sirliane Paiva e Antonio Gonçalves valorizaram, com suas biografias, as vitórias de seus adversários nas duas últimas décadas. E contribuíram para o debate construtivo e o fortalecimento da instituição.
A tentativa de arrastar a campanha para o jogo sujo das acusações pessoais, da desconstrução de imagem, do ataque a honra, aproxima o pré-candidato oficial de um projeto movido apenas pela vaidade e ambição. É o que fica evidente com o rastro deixado no vazamento de informações deturpadas e criação de factoides, a partir do uso das redes sociais, aplicativos de mensagens e blogs. Talvez, estimulado pelo protagonismo que essas ferramentas de comunicação adquiriram na última campanha presidencial, quando o golpe baixo das fake news deu o tom das eleições. Na universidade, centro de produção do conhecimento, essa estratégia causa repugnância.
No afã de criar embaraços e atingir o adversário, o pré-candidato não poupa nem a reitora de suas armadilhas e manipulação. O vale tudo do pugilista atrapalhado tem trazido maior desgaste ainda para a gestão Nair Portela e começa a afastar os seus poucos aliados. Pode acabar, também, sepultando a carreira de quem imaginava chegar ao topo sem perceber que nunca esteve à altura do cargo principal da mais importante instituição de ensino superior do estado.
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