Crise política pode explicar porque o governo do Sri Lanka recebeu alertas dias antes dos ataques de domingo (21) e não conseguiu evitá-los
Serviços de inteligência alertaram sobre a possibilidade de ataque dias antesStringer / Reuters / 22.4.2019 |
O governo do Sri Lanka confirmou nesta segunda-feira (22) que recebeudiversos alertas sobre um possível atentado antes da série de explosões em igrejas e hotéis de luxo que mataram 290 pessoas e deixaram mais de 500 feridos no último domingo (21).
Segundo a CNN, serviços de inteligência da Índia e dos EUA já tinham alertado o governo da ilha desde o último dia 4 de abril, uma semana antes de um relatório emitido pela polícia no dia 11. Um dos memorandos recebidos pelo governo cingalês era tão específico que tinha até mesmo uma lista de suspeitos.
Ainda não está claro o motivo que levou o governo a não se precaver contra os ataques, já que era sabido que a comunidade cristã, hotéis e pontos turísticos eram alvos preferenciais do grupo que explodiu bombas em vários lugares do país durante o domingo de Páscoa.
Avisos com antecedência
De acordo com Rajitha Senaratne, porta-voz do governo, os serviços de inteligência estrangeiros avisaram o Sri Lanka sobre a possibilidade de um ataque ainda em 4 de abril, 17 dias antes do atentado. No dia 9, o ministério da Defesa alertou o Inspetor Geral de polícia e disse que o grupo National Thawahid Jaman (NTJ) estava prestes a atacar.
Em 11 de abril, um comunicado assinado por Priyalal Dissanayake, vice-inspetor-geral da Polícia, foi enviado a diversos ministérios, novamente chamando atenção para a possibilidade de um atentado terrorista. Os serviços de inteligência de outros países fizeram outros alertas nos dias seguintes.
O grande problema é que, em meio a tantos avisos, o primeiro-ministro do país sequer chegou a ser informado, segundo um dos ministros da área econômica, Harsha de Silva. "Ele não sabia dos alertas", explicou.
Crise constitucional
Isso ocorreu por causa de uma grave crise política no país, que começou no ano passado, que afetou a unidade do governo e sua capacidade de se organizar para responder aos alertas. Em outubro, o presidente Maithripala Sirisena dissolveu o gabinete do primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe e o substituiu por um aliado.
Dois meses depois, a justiça do Sri Lanka devolveu o cargo a Wickremesinghe, mas o governo seguiu dividido. Desde sua volta, em dezembro, ele foi desligado do Conselho de Segurança do país e, por causa disso, não recebia os informes de segurança confidenciais emitidos pelos serviços de inteligência.
O porta-voz Senaratne afirmou que os membros do conselho se recusaram a atender um chamado de reunião de Wickremesinghe mesmo após os ataques de domingo. "Acho que este é o único país do mundo em que o Conselho de Segurança não atende a convocação de um primeiro-ministro", disse ele.
Outro possível motivo para a falta de planejamento para coibir os ataques é porque o governo considerava o NTJ um grupo pequeno demais para realizar atentados simultâneos. Até então, os radicais se dedicavam apenas a destruir estátuas budistas espalhadas pelo país.
Fonte: R7
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