Delegado investiga se laudo apresentado pela empresa de consultoria Tüv Süd foi forjado para atestar segurança da barragem da mina Córrego do Feijão
O delegado da PF (Polícia Federal) em Belo Horizonte, Luiz Augusto Pessoa, responsável pelo inquérito do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, afirmou, em entrevista ao R7, que está trabalhando com a possibilidade de fechar acordos de delação premiada na investigação do caso.
"A gente admite essa possibilidade e não é uma possibilidade remota. Estamos trabalhando nesse sentido para ver se vai valer a pena ou não fazer um acordo de colaboração premiada".
Na terça-feira dia (5), o engenheiro Makoto Namba, em depoimento para força tarefa do caso, alegou ter sido pressionado pela cúpula da Vale em Minas Gerais a assinar o atestado que garantia a segurança da barragem. Namba disse ainda que, caso o documento não fosse assinado, a mineradora contrataria outra empresa.
Namba é da Tüv Süd, empresa da alemã que foi contratada pela Vale no ano passado para produzir o atestado de segurança da barragem. O documento foi revelado, no dia 28 de janeiro, três dias depois do rompimento.
O engenheiro, preso em São Paulo, acabou de deixar a penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana de BH, 48 horas depois de conseguir um habeas corpus do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Além dele, outras quatro pessoas, um funcionário da Tüv Süd, e três da Vale foram beneficiados pelo alvará de soltura.
Em uma projeção otimista, o delegado Luiz Augusto acredita que a investigação pode ser concluída em dois meses. O inquérito apura crimes ambientais, homicídio, falsidade ideológica e uso de documentos falsos. Um das suspeitas é que justamente o atestado assinado por Namba seja forjado.
"A Vale utilizou esse documento para obter as autorizações e licenças necessárias para o funcionamento da barragem e de todo aquele complexo entorno. No entanto, existem algumas recomendações no próprio documento que declarou a estabilidade da barragem, que deveriam ser adotadas pela Vale, para aí sim considerar aquela barragem estável".
O advogado de Namba, Augusto Arruda Botelho, refutou que seu cliente pode fechar um acordo de colaboração.
"Não existe a menor possibilidade de delação. Para delatar ele teria que confessar algum crime, e ele não cometeu crime algum".
Fonte: R7
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