Dados do Conselho Federal de Medicina revelaram que o Maranhão tem 2º pior investimento em saúde do Brasil. De acordo com o estudo, o estado gasta na saúde, por dia, pouco mais de R$ 2 por pessoa.
De acordo com o levantamento divulgado nesta semana, o estado gastou durante todo o ano de 2017 apenas R$ 750, 45 por pessoa, o que dá R$ 2,05 por dia. Desses R$ 750, R$ 203,54 vem do Sistema Único de Saúde (SUS). O governo do Estado e a prefeituras arcam com o restante. No Brasil, em média, as despesas com a saúde de cada pessoa custam R$ 1.271 por ano, o que equivale a R$ 3,48 por dia. No ranking do Conselho Federal de Medicina, o Maranhão perde apenas para o estado do Pará.
O presidente do Conselho Regional de Medicina no Maranhão, Abdon Murad, diz que é preciso investir na qualidade da saúde, pois caso contrário a população deixará de receber os serviços que são essenciais para o seu bem-estar. “O Maranhão é muito grande e esse dinheiro para gastar com uma pessoa por ano é extremamente insignificante perto dos gastos. Se falta dinheiro falta quase tudo porque o medicamento começa a faltar, a reposição de materiais cirúrgicos começa a faltar. A compra de fios para a cirurgia começa a faltar. Começa atrasar pagamento de oxigênio, começa atrasar médicos, enfermeira, técnicos. É um caos que vai se implantando”.
Para completar o quadro grave, quase 1000 médicos estão com os salários atrasados no Maranhão. Receberam até o mês de agosto e agora aguardam o cumprimento de um cronograma de pagamento.
Em outubro, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) determinou a redução de 10% do teto de despesas com a prestação de serviços de sete especialidades médicas, incluindo cirurgia geral e pediatria. Isso porque o repasse do SUS por pessoa estaria sendo ainda menor: de R$ 154,98. A Portaria diminuiu ainda a verba destinada ao pagamento dos plantões e está sendo discutida.
Mas a realidade mostra que, muitas vezes, a conta “barata” desse “plano de saúde” chamado SUS sai cara para quem depende dos hospitais públicos, postos de Saúde ou Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). O sociólogo Tadeu Teixeira pontua que além dos problemas relacionados a falta de infraestrutura dentro dos hospitais, a saúde no Maranhão é precária no que diz respeito às minorias como as comunidades quilombolas e indígenas, por exemplo.
“Somos sete milhões de maranhenses e dentro do nosso estado nós temos inúmeras comunidades quilombolas, inúmeras comunidades indígenas, distritos sanitários indígenas que precisam de um atendimento específico, precisam de um atendimento de uma saúde específica para atender essa população. Além da ausência ainda dentro do Estado de uma infraestrutura de saúde capaz de atender a todos os maranhenses”, finalizou o sociólogo Tadeu Teixeira.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) não comentou sobre o que diz a pesquisa sobre os valores gastos com saúde por pessoa no Maranhão, mas questionou o levantamento do Conselho Federal de Medicina dizendo que o estudo não avalia qualitativamente os gastos empregados com serviços em saúde. A Secretaria disse que tem investido na expansão da rede com a implantação de hospitais em várias cidades. Sobre o pagamento dos médicos, disse que o referente ao mês de setembro já começou a ser pago, conforme calendário. Disse também que não houve redução dos valores pagos para plantões médicos, e sim o estabelecimento de parâmetros para o teto do valor pago às empresas médicas. Por fim, a Secretaria ressaltou que o Brasil vive uma grande crise econômica, mas que o Estado faz a sua parte, repassando de 115 a 120 milhões de reais para a Rede.
Por Zeca Soares
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