Estão vedados o uso de produtos que possam causar incêndio e atividades que poluam o meio ambiente; queima de fogos tem horário limitado, assim como o tradicional toque de tambor, que só será permitido até as 2h da madrugada
Uma portaria baixada em 6 de setembro deste ano pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) promete gerar forte polêmica entre adeptos das religiões de matriz africana no Maranhão. Assinada pelo secretário Jefferson Miler Portela e Silva, a portaria impõe uma série de normas à umbanda e aos demais cultos afro-brasileiros para evitar que seus rituais venham a contrariar a ordem pública e os bons costumes em território maranhense.
As restrições atingem as práticas de cultos umbandísticos cujos rituais ocorrem em logradouros públicos, florestas e demais formas de vegetação, praias, rios, etc. O texto da portaria faz referência à necessidade de garantir e disciplinar os rituais típicos das religiões de matriz africana, e estabelecer critérios para a sua realização em todo o estado.
De acordo com as normas, estão liberados os rituais em cemitérios, encruzilhadas, praias, margens de rios e florestas. Mas todos terão que cumprir algumas condições. Nas encruzilhadas, não deverão provocar interrupção ou obstrução do tráfego de veículos ou causar dificuldades de acesso aos pedestres. Nos cemitérios, estarão sujeitos à autorização prévia da administração desses locais e/ou da prefeitura local.
Poluição e incêndios
Nas praias e margens de rios, os rituais não poderão ocasionar qualquer dificuldade ou incômodo aos banhistas e poluição dos locais. Nas florestas e demais formas de vegetação marginal, deverá ser preservado o meio ambiente, sendo vedado o emprego de produtos ou dispositivos suscetíveis de provocar incêndios, respeitando ainda o direito de propriedade.
Em relação à queima de fogos de artifício, esta ficará sujeita a horário, considerando a comodidade e segurança dos moradores das imediações e o toque de tambor somente será permitido até as 2h da madrugada, desde que não perturbe o sossego público.
A portaria prevê, ainda, que o controle dos rituais será feito pela Federação de Umbanda e Cultos Afro-Brasileiros, mas a a Secretaria de Segurança Pública manterá sua prerrogativa de fiscalizar os cultos e proibir práticas tidas como abusivas, se for o caso.
Pegos de surpresa pela portaria, pais e filhos de santo e demais seguidores das religiões afros demonstram insatisfação com a interferência do governo em seus cultos. Revoltados, umbandistas, adeptos do candomblé, do tambor de mina e das demais religiões de matriz africana prometem reagir ao que chamam de preconceito e intolerância oficial.
Por Daniel Matos
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