Bolsonaro é produto de vários fatores todos eles podendo ser resumidos ao nosso sistema político, partidário e eleitoral carcomido. O voto no “17” foi quase um “anti-voto” resguardada, claro, a convicção de muitos dos eleitores que realmente estavam e estão convencidos de que o capitão encara a mudança que o Brasil precisa.
Em entrevista concedida ao Jornal Nacional (TV Globo), na noite de ontem, terça-feira, 29, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) não soube explicar de onde saiu a alcunha de “Mito” que lhe impuseram desde que decidiu ser candidato ao Planalto.
“Mito, eu não sei de onde veio isso aí. Até brinquei, deve ser do meu apelido de criança, ‘parmito’”, disse para a um já entusiasmamo Willian Bonner, âncora do JN.
Gosto sempre de lembrar a frase antológica do Tom Jobim que diz: “O Brasil não é para principiantes”.
A eleição de Jair Bolsonaro é expressão máxima dessa frase do “maestro soberano”.
Como entender o fato de um cara que até pouco tempo atrás era mal conhecido pelas declarações polêmicas dadas na imprensa, posturas autoritárias na Câmara dos Deputados, filiados a um partido nanico, sem recursos de fundo partidário, tempo eleitoral no rádio e tevê, sem sequer fazer campanhas nas ruas e palanques, por ficar hospitalizado boa parte da eleição depois de levar uma facada, derrotar toda uma estrutura do status quo que há décadas imperava no país?
Bolsonaro é produto de vários fatores todos eles podendo ser resumidos ao nosso sistema político, partidário e eleitoral carcomido. O voto no “17” foi quase um “anti-voto” resguardada, claro, a convicção de muitos dos eleitores que realmente estavam e estão convencidos de que o capitão encara a mudança que o Brasil precisa.
Isso sem falar na “panela de pressão” conservadora que fervia em fogo brando, mas que com o tempo foi aumentado a temperatura em virtude dos esquemas de corrupção, de figuras ilustres de grandes partidos sendo presos, surgimento de movimentos como MBL, até… “boom!” Explodir tudo.
Resultado: além da eleição do Bolsonaro, o gigantismo do PSL que passa ser a segunda maior bancada na Câmara dos Deputados com 51 parlamentares, políticos tradicionais mandados para casa, novos senadores eleitos, além de lideranças até então desconhecidas que governarão estados como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e o Distrito Federal, a maioria conservadora.
Enfim, não é possível prever com segurança o que nos espera a partir do dia 1º de janeiro de 2019. Entre o que já foi anunciado até pelo presidente eleito, o que mais me agrada é a proposta do fim do instituto da reeleição e ainda a reafirmação contundente do compromisso de Bolsonaro com as liberdades individuais, de imprensa, enfim, com a Constituição e o Estado de Democrático de Direito.
No mais é aguardar os próximos anúncios da equipe de transição ligada a Jair Bolsonaro e torcer por um choque de bom senso neste país.
Por Robert Lobato
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