Por José Linhares Jr.
Há sete meses o estudante Kelvin Rodrigues foi encontrado morto no Centro de Ciências Humanas na Universidade Federal do Maranhão após uma festa regada a bebida alcoólica chamada de “Encontro da Juventude Porra-Louca”. Como medida para garantir a segurança, o consumo livre de bebida alcoólica na universidade fora banido. Na sexta-feira a reitoria Nair Portela decidiu abolir a normativa e permitir o retorno das tais “calouradas”. Logo no primeiro evento voltaram a ser registrados assaltos dentro do Campus do Bacanga e, o pior, uma garota de apenas 18 anos diz ter sido estuprada dentro da UFMA durante a calourada.
Não irei expor o nome da vítima aqui por questões óbvias.
A garota procurou a delegacia da Vila Embratel e comunicou ter sido estuprada por volta das 22h30 da noite de sexta-feira (31). N.J.M. prestou queixa do crime no dia seguinte e relatou o estupro.
Segundo ela, por volta das 22h30 ela foi abordada por um desconhecido que se aproveitou do seu estado de embriaguez, a levou para um lugar isolado e cometeu o estupro. A jovem não conseguiu dar mais detalhes do ato.
O ato aconteceu um dia após uma palestra ter sido censurada na mesma UFMA sob a alegação de “medidas de segurança”.
Parece que pensamentos indevidos colocam a integridade dos estudantes mais em risco do que festas impróprias em locais indevidos, segundo os “donos” da UFMA. Parece que ridicularizar certas práticas políticas é muito mais ameaçador do que a irresponsabilidade em relação à segurança dos estudantes. Na UFMA ideias são mais perigosas do que um ambiente propícia a crimes.
Eu fico aqui pensando com meus botões sobre o que se passa na cabecinha dos “progressistas” da UFMA após lerem esse tipo de notícia no meu blog.
“Linhares, bem me lembro de você em calouradas quando estudante”, diz o intrépido leitor sedento de alguma desculpa para minimizar a notícia e a comparação. Os tempos hoje são outros completamente diferentes. Tanto que até o ano passado ninguém havia sido assassinado de forma cruel como Kelvin Rodrigues.
Como não podem desmerecer o fato, vão querer desmerecer a vítima.
“Essa história está mal contada”; “Por que ela foi com ele?”; “Ela não tinha nada que ter bebido”; “O que ela estava fazendo sozinha e bêbada?”.
Os argumentos mais inóspitos para tentar solapar a verdade inequívoca borbulham nos cérebros automatizados pelo ressentimento. “Dane-se o fato. Se ele foi noticiado por Zé Linhares Jr, deve ser desmentido, desmerecido e desprezado”. Cabeças pré-programas de espíritos sem nenhum tipo de programação.
E eu tenho convicção que uma parcela das feminazis que lê este texto em nenhum momento deve ter se solidarizado com N.J.M. Poucas delas devem ter tentado imaginar a angústia dessa garota. Poucas devem ter aplaudido sua coragem de procurar as autoridades legais mesmo em situação tão desfavorável. E não me surpreende se esse discurso imundo que culpa a vítima seja reproduzido agora pelas mesmas feministas que dizem combatê-lo pelo único motivo da notícia ter sido dada por mim e usada de forma cabal no desmascaramento do ambiente terrível da universidade hoje.
Ridicularizar a esquerda na UFMA não pode, propiciar ambientes onde garotas sejam estupradas pode.
O mundo dá voltas, meus caros.
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