Por Agência São Luís de Notícias
Proporcionar aos estudantes da Educação Especial um ambiente adequado de aprendizagem é uma das prioridades da gestão do prefeito Edivaldo, que tem investido em materiais didáticos e pedagógicos, e na adequação e ampliação de espaços que facilitem e promovam a inclusão das pessoas com deficiência. Paralelamente, aumentou a oferta de cursos aos professores da rede na área da Educação Especial, implantou o Núcleo de Produção Braile, e, este ano, criou a Escola Municipal Integral Bilíngue Libras/Língua Portuguesa Escrita.
As ações da Prefeitura nesta área são desenvolvidas pela Superintendência de Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação (Semed), que nos últimos dois anos implantou cerca de 60 novas salas de recursos em escolas da rede, que atendem estudantes com algum tipo de deficiência, e promoveu a formação de aproximadamente 1.300 professores em cursos de Braile, Libras, Soroban, Educação Física Inclusiva e Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Mais recentemente criou o Curso de Extensão sobre Autismo, de Libras/Intermediário e de Altas Habilidades/Superdotação.
Moacir Feitosa, titular da Semed, diz que cada uma dessas ações têm por objetivo garantir um atendimento adequado aos estudantes da área de Educação Especial matriculados nas escolas do município. Inclusive, lembrou das recentes discussões feitas com o Ministério Público e entidades representativas das pessoas com deficiência para a criação de cargos e contratação de profissionais capacitados para trabalhar com estudantes deficientes, como intérpretes de Libras, cuidadores e transcritores de Braile. "Avançar com a inclusão é cumprir com as metas dos planos Nacional e Municipal de Educação e contribuir para universalizar o acesso à escolaridade", observou o educador Moacir Feitosa.
Todo esse trabalho, bem como a sua divulgação, tem chamado a atenção não só dos professores da rede municipal, mas de outras instituições, e até mesmo de outros profissionais e autônomos, pessoas de comunidades rurais e urbanas de São Luís, que procuram os cursos oferecidos pela Prefeitura de São Luís, não somente para o seu trabalho, mas para aprender a lidar com pessoas da família com deficiência, ou mesmo para expandir o seu leque de atuação, pensando nas necessidades cada dia mais latentes de inclusão demandadas pela sociedade.
APRENDIZADO
Thyerlem Tayharra Ferreira Coelho, de 21 anos, moradora do bairro São Francisco, é uma dessas pessoas, que ainda no Ensino Médio, aos 16 anos – na época era estudantes de uma escola pública federal – percebeu a necessidade de aprender Braile para ajudar alguns colegas de sala de aula, que eram cegos. "Eu tinha um professor que também era cego, e ele utilizava muito uma sala de recursos da escola, para transcrever textos escritos de Português para Braile, para ensinar os alunos cegos. Então, eu me ofereci para ajudá-lo, e de lá pra cá não parei", conta a jovem, que trabalha como transcritora na Associação de Cegos. Mas ela quer mesmo é ser professora de crianças com deficiência. Para isso, fez um curso de Libras no ano passado e já começou o curso de Pedagogia.
O dia a dia também fez com que a pedagoga Elizabeth dos Santos Pinheiro, professora da rede municipal desde 2002, procurasse os cursos oferecidos pela Prefeitura de São Luís. "Depois que entrei para rede, passei a admirar o trabalho feito pelas professoras das salas de recursos e mesmo das salas regulares que tinham alunos com deficiência, cegos, surdos ou com baixa visão. E teve um momento em que eu precisei lidar com esses alunos: precisava fazer Braile, e por isso estou hoje em sala de aula, estudando, para atender às necessidades dos meus alunos", assinala a educadora, que leciona nas Unidades de Educação Básica Sofhia Silva, para a Educação Infantil, e no Maria Alice Coutinho, para alunos de 6 anos, da Alfabetização.
EXEMPLO DE VIDA
Tanto Thyerlem quanto Elizabeth são alunas do professor do Curso de Braile, José de Ribamar Mesquita Alves, de 65 anos. Ele perdeu a visão num acidente, aos 12 anos, e de lá pra cá teve que aprender a conviver com suas limitações. Mas isso não o impediu de continuar estudando. Fez ensino médio no Liceu Maranhense, o curso de Letras na Universidade Estadual do Maranhão (Uema), e um curso de Especialização em Educação Especial também na Uema. O professor Mesquita, que também é casado e tem uma filha, ainda é concursado do Estado e Município. Dá aulas há 30 anos como professor do Estado e desde 2010 entrou para a rede municipal de São Luís.
O seu trabalho como educador não se limita à sala de aula, pois foi levado como palestrante para ensinar sobre Braile, Acessibilidade e Conscientização sobre a Deficiência em mais de 30 cidades do Maranhão. "Ainda há muita discriminação, muito desconhecimento a respeito das necessidades da pessoa com deficiência. Eu procuro levar a acessibilidade por meio da vivência do cego, por exemplos e experiência própria", conta o professor Mesquita. E esta vivência do cego, ele também procura passar para os seus alunos do curso de Braile, do município de São Luís, ele deixou a sala de aula tradicional/regular, e passou a ministrar somente cursos da Área da Educação Especial (da Semed) para os professores e comunidade.
NÚCLEO DE PRODUÇÃO BRAILE
José de Ribamar Mesquita diz que ensinar é um trabalho gratificante, e que lhe dá muito prazer. E comenta que o seu trabalho foi facilitado desde o final de 2014, quando a Prefeitura de São Luís, na gestão de Edivaldo, colocou em funcionamento o Núcleo de Produção Braile, que funciona na Casa dos Conselhos, no Centro de São Luís. É através do Núcleo que o professor Mesquita consegue transcrever os textos, apostilas e trabalhos, da Língua Portuguesa escrita para o Braile – o que é fundamental para o desenvolvimento das suas aulas.
"Um Núcleo de Produção Braile é extremamente importante dentro da Educação Especial. Para que os meus alunos, que são professores da rede municipal, possam aprender Braile e tenham condições de acompanhar com qualidade os estudantes da rede pública de São Luís que são cegos ou têm baixa visão, é necessário que eles tenham acesso a materiais transcritos da tinta, do Português para o Braile", explica o educador. Segundo ele, o objetivo do Núcleo é gerar acessibilidade e inclusão. Afirma que desde a criação do Núcleo, tem utilizado constantemente os serviços da instituição.
A pedagoga Marilene de Morais Silva, de 54 anos, é especialista em Educação Especial na Área de Deficiência Visual, e uma apaixonada pelo Braile. Já fez diversos cursos na área, tanto em São Luís quanto no Instituto Benjamim Constant, que fica no Rio de Janeiro, e de onde retornou recentemente. Lá, ela fez o Curso de Transcrição de Impressão Braile através do Programa Braile Fácil, não só para transcrever textos, mas especialmente mapas, palavras cruzadas e outras imagens e textos necessários para o aprendizado da pessoa cego ou com baixa visão.
BRAILE
Braille ou braile é um sistema de leitura com o tato para cegos inventado pelo francês Louis Braille no ano de 1827 em Paris. O Braille é um alfabeto convencional cujos caracteres se indicam por pontos em alto relevo. O deficiente visual distingue por meio do tato. A partir dos seis pontos relevantes, é possível fazer 63 combinações que podem representar letras simples e acentuadas, pontuações, números, sinais matemáticos e notas musicais.
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