Por: O Imparcial
O Brasil tem 663 barragens de contenção de rejeitos de
mineração e 295 barragens de resíduos industriais. Só em 2008, houve 77 rompimentos
de barragens no país, embora a maioria dos casos tenha ganhado pouca
repercussão.
As informações foram divulgadas nessa quarta-feira, dia 25,
pelo engenheiro português Ricardo Oliveira, um dos maiores especialistas do
mundo no assunto, citando dados da Agência Nacional de Águas (ANA), referente
ao número de barragens.
Professor titular da Universidade de Lisboa, Oliveira deu
palestra no Clube de Engenharia do Rio de Janeiro sobre a segurança de
barragens e os reflexos sociais e ambientais.
O engenheiro evitou comentar
diretamente o caso do rompimento
da barragem do Fundão, em Mariana.
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O engenheiro evitou comentar diretamente o caso do
rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, de responsabilidade da Samarco,
mas, segundo ele, ao se promover a elevação da barragem, necessariamente deve
haver um estudo global que envolva também as fundações da construção.
Para Oliveira, em 30% dos acidentes com barragens, o
problema é a ruptura das fundações. “É preciso refazer a análise de
estabilidade do pacote barragem-fundação”, disse para uma plateia formada
principalmente por engenheiros.
O especialista mostrou dados sobre as principais barragens
que colapsaram, no Brasil, desde 1954. Dentre esses casos, totalizando 19
acidentes, seis rompimentos aconteceram em Minas Gerais, de 1985 até hoje,
envolvendo justamente barragens de rejeitos de mineração, como a de Mariana.
“Pode ser, eventualmente, o fato de ter havido menos cuidado na manutenção”,
afirmou.
Segundo Oliveira, somente há pouco tempo a legislação
federal obriga a estudos sismológicos na construção de barragens, pois
antigamente havia o conceito de que o Brasil era um país livre de tremores de
terra, o que hoje já não é aceito.
“O que se dizia era que o Brasil não era um país sísmico. Só
que ele tem sismicidade. Não destrói uma barragem se ela tem em conta essa ação
sísmica adicional. Mas se a estrutura não está dimensionada para aguentar
aquela sobre força que está fazendo o sismo, ela pode se romper”, disse.
A barragem do Fundão se rompeu na tarde do último dia 5,
vazando cerca de 50 milhões de metros cúbicos de lama formada por óxido de
ferro e areia. O rejeito destruiu o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana.
Até o momento, oito vítimas foram identificadas, quatro corpos aguardam
identificação e há 11 pessoas desaparecidas. A lama desceu pelo Rio Doce e
chegou ao mar, no litoral do Espírito Santo, causando um grave dano ambiental.
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