Por: O imparcial
Outras duas barragens de rejeitos da mineradora Samarco, em
Mariana, têm risco de rompimento. O problema foi reconhecido ontem por
representantes da empresa, controlada pela brasileira Vale e pela
anglo-australiana BHP. Os reservatórios de Santarém e Germano ficam perto da
barragem do Fundão, que se rompeu no começo do mês deixando onze mortos, 12
desaparecidos e centenas de desabrigados, num rastro de destruição que cruza os
estados de Minas Gerais e Espírito Santo e chega ao litoral brasileiro.
A lama atingiu o Rio Doce, provocando morte de peixes e assoreando
o leito do Rio. O abastecimento de água foi prejudicado nos municípios banhados
pelo Rio, caso de Governador Valadares, onde ficou suspenso por uma semana.
Apesar dos danos causados, que já resultaram em multa do Ibama de R$ 250
milhões e envolvem custos de mais de R$ 1 bilhão para recuperação e mitigação
dos estragos, o diretor de operações e infraestrutura da empresa, Kléber Terra,
disse que a empresa não deve desculpas à população. “Tem o risco, e nós, para
aumentarmos o fator de segurança e reduzirmos o risco, estamos fazendo as ações
emergenciais necessárias”, anunciou o gerente-geral de projetos estruturais da
Samarco, Germano Lopes, em entrevista coletiva.
Segundo o representante da mineradora, o fator de segurança,
estabelecido pela norma (NBR 13028), mede a estabilidade de uma estrutura. Para
estruturas em condições normais de operação, a regra estabelece fator de
segurança de 1,5, no mínimo. Em condições adversas, é admitido fator de
segurança de 1,3. O índice igual a 1 representa que a estrutura está no limite
de equilíbrio. Na barragem de Santarém, segundo Kléber Terra, o fator de
segurança na barragem de Santarém é de 1,37. Na de Germano, de 1,22. Lopes
afirmou que, antes do rompimento, a barragem de Fundão tinha fator de segurança
de 1,58. Segundo ele, o valor foi atestado por um lado feito em julho de 2015
por empresas especializadas, contratadas pela Samarco.
Os representantes da empresa explicaram que, diferentemente
do que havia sido em princípio anunciado, a única barragem que rompeu foi a de
Fundão. Dos 55 milhões de metros cúbicos de rejeitos contidos na barragem, 40
milhões desceram e atingiram a barragem de Santarém. Terra informou que a
empresa está promovendo obras emergenciais nas duas barragens para tentar
evitar colapsos. Segundo ele, blocos de rocha estão sendo usados para reforçar
as estruturas. Este procedimento deve durar cerca de 45 dias na barragem de
Germano. Na de Santarém, as obras têm prazo de 90 dias.
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