Por: G1
O dólar voltou a subir perto de R$ 3,90 nesta segunda-feira
(30), pressionado por preocupações com o impacto da prisão do ex-presidente do
BTG Pactual, André Esteves, sobre o mercado doméstico e com possíveis
desdobramentos para o quadro político brasileiro.
A moeda norte-americana subiu 1,65%, a R$ 3,8865 na venda,
após subir mais de 2% e atingir R$ 3,9237 na máxima da sessão, maior nível
intradia desde 29 de outubro, quando foi a R$ 3,9574. Na mínima do dia, a moeda
foi a R$ 3,8247. Veja a cotação do dólar hoje. Em novembro, o dólar subiu
0,61%. No ano, há alta acumulada de 46,18%.
"O mercado levou um susto na abertura, mas corrigiu um
pouco ao longo da manhã porque estava operando no emocional. A volatilidade é a
regra, não dá para ter grandes certezas", disse à Reuters o operador da
corretora Intercam Glauber Romano.
No fim de semana, Esteves renunciou a todos os seus cargos
no BTG após o Supremo Tribunal Federal (STF) mantê-lo preso por tempo
indeterminado por suspeita de obstrução da operação Lava Jato, que investiga
escândalo bilionário de corrupção envolvendo a Petrobras.
A preocupação é de que mais denúncias possam surgir no campo
político, bem como o próprio BTG ser muito afetado, o que poderia obrigá-lo a
desmontar posições no mercado e, assim, afetar a liquidez.
"A volatilidade é a regra, não dá para ter grandes
certezas", disse à Reuters o operador da corretora Intercam Glauber
Romano.
"Esse é o novo normal: volatilidade e risco alto.
Estamos vivendo um período muito conturbado e toda faísca vira fogo",
afirmou o operador da corretora SLW João Paulo de Gracia Correa.
Os investidores reagiram se refugiando na segurança do
dólar, entendendo que as notícias deixam o quadro político brasileiro ainda
mais incerto. Novas denúncias contra o presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também se somavam ao quadro de incertezas.
Investidores também adotavam cautela antes da votação da
meta de resultado primário deste ano, marcada para terça-feira no Congresso
Nacional, em meio a turbulências após a prisão do ex-líder do governo no
Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS).
O dólar operou em alta durante toda a sessão, mas chegou a
apresentar avanços bem menores na parte da manhã, batendo na mínima de R$
3,8347 do dia. Operadores atribuíram a volatilidade matutina à briga pela
formação da Ptax de novembro, taxa calculada pelo BC que serve de referência
para diversos contratos cambiais.
Intervenção do BC
Operadores afirmaram que o avanço do dólar foi reduzido pela
intervenção do Banco Central. O BC fez nesta tarde leilão de venda de até US$
2,75 bilhões com compromisso de recompra, com fim de rolar as linhas que vencem
em dezembro.
Além disso, o BC dará início, na terça-feira (1º), à rolagem
dos swaps cambiais que vencem em janeiro, sinalizando que deve repor
integralmente os contratos equivalentes a venda futura de dólares.
"O BC adotou a atitude correta. Ele quer evitar que o
mercado engrene em um círculo vicioso de pessimismo como aquele que vimos há
alguns meses", disse à Reuters o operador de um banco internacional,
referindo-se à escalada da moeda norte-americana em agosto e setembro, que
levou o BC e o Tesouro Nacional a atuarem de forma conjunta no mercado.
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