Em sessão solene realizada na tarde desta quinta, 19 de maio, a desembargadora Angela Salazar e o desembargador José Luis Almeida tomaram posse nos cargos de presidente e vice-presidente e corregedor do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão. A solenidade, que ocorreu no plenário Ernani Santos da sede do órgão, foi prestigiada por autoridades dos poderes executivo, legislativo e judiciário, de representantes de classe, servidoras e servidores, familiares, amigos e pela imprensa.
De acordo com o Regimento Interno do Regional, a presidência deve ser exercida por um(a) dos(as) desembargadores(as) eleitos(as) pelo Tribunal de Justiça para ter assento como membro efetivo, cabendo ao(à) outro(a) o exercício cumulativo de vice-presidente e corregedor(a). No caso de Angela Salazar e José Luiz, eles foram aclamados para os cargos, uma vez que o segundo declinou de concorrer.
A desembargadora Angela Salazar, quem a si própria define como mulher e negra, está assumindo um espaço de poder normalmente ocupado por homens. A magistrada assume após 9 gestões seguidas por desembargadores do sexo masculino. “Sempre foi um sonho estar no TRE, exercer este cargo”, confessou durante coletiva de imprensa concedida antes da sessão solene de posse.
O desembargador José Luiz Oliveira de Almeida, que assumiu como membro efetivo da Corte na vaga aberta com o fim do biênio do desembargador Joaquim Figueiredo, começou explicando que o desafio de assumir a justiça eleitoral não o envaidece, mas enche de força, de perseverança e de vontade de fazer o melhor. “Não sou um ator político, não tenho preferências partidárias, sou um ator institucional, e é com essa envergadura e roupagem que quero dar a minha contribuição”.
A jurista Anna Graziela Neiva, representando os membros da Corte, solicitou autorização à desembargadora para quebrar o protocolo da solenidade e fazer a saudação do púlpito e de pé, que é como reputa devido saudar e reverenciar a história de vida dos empossados.
Graziela se sentiu honrada por ser testemunha de mais uma página histórica da Justiça Eleitoral do Maranhão, mas também de ser porta-voz de uma época. “Se este braço forte do Judiciário – a Justiça Eleitoral brasileira – é um dos guardiões da democracia do país, estamos hoje diante de um acontecimento que sanciona a própria democracia. Estamos aqui também para saudar a Justiça, a Democracia e a Educação personificadas na sua trajetória de vida, desembargadora Angela”.
A jurista enalteceu o fato da desembargadora ser mulher e ascender à presidência num país com especificidades sociais em que a mulher é a maioria nas universidades brasileiras, sustentando mais da metade dos lares brasileiros, mas ocupando as menores estatísticas nos cargos, nos salários e em diferentes processos de ascensão social.
“E aqui – entre mulheres que lutam em jornadas dupla ou até tripla em suas famílias – quero reafirmar a minha gratidão por viver esse momento proporcionado por uma história de superação, ousadia e perseverança. Senhores, é uma mulher, um exemplo de vida, uma inspiração que comandará os destinos da Justiça Eleitoral maranhense – não à toa, estabelecida no mesmo ano em que as mulheres brasileiras passaram a ter direito ao voto. E se a condição feminina que alça o píncaro da instituição basilar do sufrágio universal, por si só, já é motivo para que enalteçamos a Justiça Eleitoral maranhense, consideremos ainda que esta mulher é uma mulher negra”, pontuou.
Por Jorge Aragão
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