sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

ESTUDANTE SE AUTODECLARA PARDO, E DE FATO É, MAS UNIVERSIDADE NEGA SUA MATRÍCULA

O estudante goiano Yehudi Henrique de Moraes, de 18 anos, foi aprovado pela nota que teve para o curso de Engenharia Mecânica na Universidade Federal do Paraná (UFPR), mas não pode fazer a matrícula porque foi invalidado pela banca de autodeclaração, já que ele se autodeclarou pardo. A família, que mora em Inhumas, no centro de Goiás, contou que entrou na Justiça para tentar reverter a situação.

A UFPR disse, por meio de nota, que os candidatos entram pela nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) já vem classificados pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) nas respectivas categorias, como cotistas ou não.

A instituição declara que “não tem autonomia para fazê-lo migrar automaticamente para outra modalidade” e que “ao ter a autodeclaração invalidada pela banca estarão automaticamente eliminados”.

O Ministério da Educação (MEC) disse, por meio de nota, que é de responsabilidade das universidades “verificação se os candidatos às vagas do Sisu, na modalidade cotas, atende ou não aos critérios estipulados na Lei de Cotas”.

Yehudi Henrique de Moraes, de 18 anos, que teve vaga negada na UFPR por causa da cor da pele — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Yehudi Henrique de Moraes, de 18 anos, que teve vaga negada na UFPR por causa da cor da pele — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

O aluno contou que preencheu a declaração conforme acreditou ser o correto, mas não estava pedindo para ser considerado cotista pela autodeclaração. Ainda segundo ele, pela nota que conseguiu, não seria necessário passar pelo sistema de cotas

“E não pedi para entrar pelo sistema de cotas pelo Sisu, eu apenas não menti. Achei que se colocasse branco eu estaria mentindo", afirmou.

Mãe do jovem, a funcionária pública Aletheia Martins Jorge, disse que acredita ser uma injustiça não poder matricular o filho na universidade por causa da declaração.

“Ele preencheu conforme o Sisu pedia. Ele não se enxerga nem como branco, nem como negro. A única coisa que ele fez foi não mentir”, comentou.

Discussão

Casos como o de Yehudi são tema de uma ação do Ministério Público Federal em Goiás (MPF) que pede que os candidatos que se inscrevem como cotistas no Sisu também possam participar da ampla concorrência.

O argumento do órgão é justamente que, se o aluno é invalidado pela banca de autodeclaração, ele perde a chance de entrar na faculdade. O MPF também quer que os próximos processos seletivos já prevejam essa inscrição concomitante nos sistemas de cotas e universal.

Fonte: G1

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